Juan Quirós*
Transcorreu dia 28 de novembro o aniversário de dez anos do Programa Brasil Exportador, lançado em 2003 pelo então ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Luiz Fernando Furlan. É desconfortável comemorar algo tão revolucionário para o comércio exterior de nosso país num momento em que sua balança comercial apresenta números negativos, com um déficit de quase US$ 1,5 bilhão no acumulado até novembro.
Além do grande aumento das importações, é preciso estar alerta ao recuo das exportações, que atingiram o valor recorde de US$ 256,04 bilhões em 2011, entrando posteriormente em uma curva descendente. Assim, na marca do décimo aniversário do Brasil Exportador talvez seja pertinente lembrar seus fundamentos e resultados, para uma retomada de um processo que teve muito êxito.
Em 2003, antes mesmo do início do programa, as vendas externas, de US$ 73,08 bilhões, já haviam registrado a expressiva evolução de 21% em relação a 2002. Com oBrasil Exportador, viabilizou-se um salto de quase 120% até 2007, último ano de Furlan à frente do MDIC, quando as vendas externas alcançaram US$ 160,64 bilhões. O projeto teve como órgão executivo e coordenador a Apex Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).
As bases do programa foram consistentes, a começar pela sinergia de 44 projetos do setor privado e a participação de distintos ministérios e organismos do Governo Federal, em torno da meta exportadora. Outro aspecto importante foi a diversificação dos mercados, com o desenvolvimento de novos destinos, como a África, China, Rússia e Oriente Médio, sem comprometer as vendas a compradores tradicionais, como Estados Unidos, Canadá e União Europeia. Também foi relevante o estímulo às pequenas e médias empresas.
Um item estratégico do programa foi integrar a política industrial e tecnológica à de comércio exterior. Com isso, viabilizou-se a expansão da pauta de exportação primária e a ampliação das vendas de bens manufaturados com maior conteúdo tecnológico. No caso do desenvolvimento da oferta exportável, o objetivo foi preparar as empresas para exportar por meio da adequação dos produtos e processos e da criação de rotinas inovadoras, que possibilitassem agregar valor e desenvolver novos produtos. Para fomentar a promoção exportadora, criou-se uma estrutura de inteligência comercial competitiva e os centros de distribuição de produtos brasileiros no exterior.
Todas essas estratégias contaram com o respaldo de uma ampla ação difusora da imagem do Brasil, fortalecimento do seguro de crédito à exportação, financiamento para pequenas e médias empresas e sua capacitação em design, treinamento de profissionais, criação de consórcios exportadores e adequação tecnológica dos produtos. Foi um trabalho revolucionário, de equipe, e com ampla participação do empresariado, que colocou o nosso país em um novo e elevado patamar no comércio exterior! Mais do que comemorar os dez anos do programa, seria importante revisitar os seus conceitos para uma nova arrancada das exportações e retomada do superávit comercial.
*Juan Quirós, presidente do Grupo Advento e do LIDE Campinas (Grupo de Lideranças Empresariais) e vice-presidente da FIESP, foi presidente da Apex Brasil entre 2003 e 2007.
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