segunda-feira, 15 de julho de 2013

Para professor da Unesp, vida política exige renovação

Nogueira afirma que proposição da reforma política é correta, mas não como a apresentada
Salpicadas pelo país, as manifestações populares de junho ainda repercutem em setores da sociedade, principalmente nos meios políticos, acadêmicos e de imprensa. “Os atos demonstram uma insatisfação com o sistema político tal como está estruturado e responde às demandas sociais, disse o professor Marco Aurélio Nogueira, diretor do Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais (Ippri/Unesp), em entrevista ao Jornal Diário de Pernambuco, em 8 de junho de 2013.
Enfático ao afirmar que os protestos não são direcionados exclusivamente ao Governo Federal, mas a todos os partidos ou políticos, o professor do Ippri/Unesp assinala na entrevista ao Diário de Pernambuco que os protestos expressam o desejo de muitos grupos sociais – e sobretudo dos jovens – de participar da política, mas desde que a política seja distinta, seja mais receptiva, tenha outros conteúdos e siga outros procedimentos.
“Em termos organizacionais, os protestos estão a sinalizar, para os partidos, que a estrutura centralizada e burocrática em que funcionam não é mais palatável, não tem condições de atender às expectativas sociais e nem à dinâmica da sociedade,” disse Nogueira. “Muito provavelmente, em termos organizacionais, os partidos continuarão mais ou menos os mesmos e nesses termos permanecerão semivivos na política. Mas em termos programáticos, substantivos, em termos de discurso, comunicação e interação, dá para dizer que sofrerão uma importante inflexão democrática,” completa.
O professor pensa que as mensagens das ruas foram compreendidas por todos, embora não saibam bem como responder a elas. A presidente Dilma Rousseff chamou para o Palácio do Planalto a responsabilidade de uma reforma política, por meio de um plebiscito. Mas a proposta foi rejeitada pela maioria dos parlamentares. Na opinião do professor do Ippri, a proposição da reforma política é correta, mas não a forma como ela foi apresentada. “O Governo Federal deveria ter aproveitado a força dos protestos para se reformar a si próprio, ou seja, para rever sua organização, suas opções, para livrar-se da sua banda podre e reformular a base parlamentar em que se apoia. Deveria ter feito uma proposta concreta de reforma, não um chamamento para que se discuta uma reforma”.
Nogueira acredita que a ausência de uma iniciativa reformadora e democrática da República esteja na raiz das dificuldades que a proposta presidencial do plebiscito encontrou para ser assimilada, assim como dos desencontros horrorosos que se observa entre os operadores governamentais de Brasília.
Neste jogo em que tudo ainda pode acontecer, o cientista político do Ippri chama a atenção para o fato de que é preciso saber se renovar para disputar o futuro.  “Perderam pontos os candidatos com propostas e modelos desgastados de campanha, com promessas demagógicas ou imprecisas, com anúncios bombásticos de novos tempos, com atitudes que anunciam coisas que ninguém conheceu jamais. Poderão até permanecer em circulação, disputar e vencer as eleições, mas não conseguirão ganhar a credibilidade adicional necessária para fazer a diferença,” finaliza.

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