Por Cláudio Gonçalves*
Durante a 15ª Conferência Global de Private Equity, organizada pelo IFC (International Finance Corporation), braço privado do Banco Mundial, que reuniu 800 gestores de fundos de todo o mundo, foi realizada um enquete cuja pergunta era: Onde estão as melhores oportunidades para investimento na América Latina? A resposta da maioria foi Colômbia, Peru e Chile. Apenas sete responderam que as oportunidades estão no Brasil. Possivelmente, os sete são brasileiros. Será que o mundo ainda não conhece o Brasil ou será que a década dos BRICs já passou? Vale lembrar que a sigla BRIC foi criada por um economista ligado a um banco de investimentos, Jim O`Neill, do Banco Goldman Saches, em 2001.
O indiano Ruchir Sharma, foi um dos palestrantes do evento. Diretor da área de mercados emergentes do Banco Morgan Stanley, publicou em abril de 2012 o livro “Breakout Nations: In pursuit of the next economic miracles”, um best seller internacional. Sharma, afirma em seu livro que os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) estão "fracassando na liderança" e que "serão a grande decepção da década".
Para Sharma,"quando um país chega à capa da "The Economist", já sabemos que seu pico ficou para trás". O Brasil foi capa da revista inglesa em novembro de 2009, com o titulo “O Brasil decola”. Sharma completa dizendo: "Dá pra dividir a América Latina pelos Andes, à esquerda, vai bem, à direita vai mal."
O indiano afirma que "o boom dos commodities ficou para trás e o Brasil vai desacelerar”. O PIB do Brasil em 2010 foi de 7,5%, caiu para 2,7% em 2011 e depois para 0,9% em 2012.
Sharma aponta que as estrelas sulamericanas emergentes da próxima década serão Colômbia, Peru e Chile. Na Ásia, Filipinas, Tailândia e Indonésia e na Europa, Polônia e Turquia. Ele acredita ainda que "os vencedores de uma década raramente são os vencedores da próxima década". Se ele está certo ou não, só o tempo dirá. O que sabemos é que o Brasil nos últimos governos não conseguiu resolver o problema do chamado “custo Brasil”: carga tributária elevada, que inibe a competitividade dos nossos produtos; excesso de burocraria; lei trabalhista extremamente protecionista com elementos que encarecem sobremaneira o custo da mão de obra, também afetando nossa competividade; logística cara, matriz predominantemente rodoviária, encarecendo muito o preço dos produtos; previdência social com déficit monumental, trazendo risco para o país e para as próximas gerações.
Se Sharma estiver correto, a década dos BRICs passou e mais uma vez o Brasil perdeu o bonde da história. Nossa forma de fazer politica, nossa estrutura político partidária onde, perde-se muito tempo fazendo acordos para ampliar a base de sustentação do governo, perdendo o foco e a medida de urgência para tratar os temas de importância nacional. O Brasil presisa de um projeto de nação de longo prazo. Que Brasil queremos em 2050? Se não pensarmos no longo prazo, outros países pensarão e colocarão em prática projetos pensando em seus cidadãos.
* Cláudio Gonçalves é economista e professor da Trevisan Escola de Negócios
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