Eduardo Shinyashiki
Onde não há conflito? Que relação amorosa, profissional, de mãe e filho e até com nós mesmos sobrevive sem a discordância de alguns pontos? Esquecemos que o conflito é parte natural e inevitável das relações humanas.
Mesmo nos melhores lugares de trabalho ou nas mais harmoniosas famílias podemos encontrar situações de conflito, pois é exatamente nos momentos de confronto entre diferentes mentalidades, valores, maneira de ser e ver o mundo, que ele aparece como elemento fisiológico.
A palavra, do latim confligere, significa “bater junto”, “estar em desavença”, “golpear”, “atacar”, que evoca, obviamente, o conceito negativo de guerra, luta, disputa, agressividade, confronto e violência. Mas de um ponto de vista diferente, o conflito é a outra face da paz e ele nos exige aprender a mantê-la, não só quando tudo vai bem e está em harmonia.
O confronto pode ser definido de duas maneiras: como negativo, quando cada envolvido tenta impor a sua opinião sem ouvir a outra parte ou quando o comportamento de um interfere nas necessidades do outro. No entanto, ele pode ter efeitos positivos, tudo depende das estratégias utilizadas para resolvê-lo, ou seja, se as ideias são colocadas em discussão expondo outras formas de ver, ser e agir e se tudo isso é feito de um jeito construtivo, sem nos deixar envolver pela raiva, egoísmo e julgamento.
Acaba sendo normal o ser humano evitar o conflito, pois interpreta apenas o lado negativo dele, chegando até a fazer de conta que ele não existe, se esquecendo, inclusive, que muitas relações chegam a se desfazer exatamente por não terem enfrentado essa adversidade, necessária muitas vezes. O sucesso de um relacionamento pessoal ou profissional não depende da ausência de confrontos, mas da capacidade e competência comunicativa e interpessoal de solucionar a situação.
O conflito que as empresas valorizam
Esse elemento tem chamado a atenção nas companhias. Ele está diretamente ligado à diversidade, que é considerada importante em todas as empresas, afinal, com a discordância de opiniões e ideias, se constrói organizações mais resistentes que compreendem mais a realidade mutável do mercado. No contexto administrativo e empresarial, o conflito, hoje, é enxergado como algo benéfico e necessário, ou seja, uma oportunidade.
O líder precisa entender que não dá para fechar os olhos para as divergências, mas deve saber geri-la de forma a torná-la eficaz e produtiva para o grupo. Uma liderança eficiente facilita uma comunicação adequada, e também permite os integrantes ouvirem outros pontos de vista com a flexibilidade de mudarem de ideia, se necessário.
A essência de tudo
O desafio é conseguir manter o equilíbrio, a “paz”, mesmo na diversidade, e viver o conflito não como ameaça, mas como momento de evolução, enriquecimento e abertura ao novo. Ele é um problema a ser solucionado e, não, uma guerra a ser disputada.
As relações interpessoais pedem cada vez mais a capacidade do ser humano de saber aceitar e gerir tudo aquilo que é diferente de nós: sejam pessoas, culturas, valores, opiniões e objetivos.
Eduardo Shinyashiki é palestrante, consultor organizacional, escritor e especialista em desenvolvimento das Competências de Liderança e Preparação de Equipes. Presidente da Sociedade Cre Ser Treinamentos, colabora periodicamente com artigos para revistas e jornais. Autor dos livros: Viva como Você Quer Viver, A Vida é Um Milagre e Transforme seus Sonhos em Vida - Editora Gente. Para mais informações, acesse www.edushin.com.br.
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