sexta-feira, 18 de julho de 2014

FORD: SILÊNCIO DO SINDMETAU E MUDEZ DA EMPRESA; TRABALHADORES RETORNAM TERÇA-FEIRA (22)


No próximo terça-feira (22) os trabalhadores da unidade da Ford de Taubaté retornam das férias coletivas que entraram no dia 7(segunda-feira). Foram 15 dias de suspense. Em assembleia  realizada no  início deste mês os metalúrgicos aprovaram o lay-off e os “descansos  forçados”. Mas, enquanto isso, o Sindicato dos Metalúrgicos (SindMetau) tem mantido um estranho silêncio. 
 O presidente da FEM e  vice-presidente do SindMetau, Valmir Marques da Silva, o Biro Biro, tem efetuado várias reuniões com a empresa para evitar problemas maiores aos trabalhadores (mais férias coletivas; mais PDVs e demissões). O clima é tenso. Biro Biro tem trabalhado duro nesse período. Tudo tem sido mantido em absoluto sigilo. Ambos os lados, quietos. 
O que está acontecendo com a Ford de Taubaté é um reflexo dinâmico do que também vem ocorrendo em outras indústrias. A retração econômico está agindo de  maneira obscura e catastrófica para os trabalhadores, gerando sequelas que talvez possam ser revertidas a médio prazo. Não é um fato isolado como muitos ousam raciocinar.  Pois basta fazer uma reflexão mais aprofundada que verificamos muitas causas.
 Por exemplo, a dinâmica do emprego industrial neste ano vai além das demissões em ritmo mais intenso do que no ano passado. De janeiro a maio, de acordo com dados do Ministério do Trabalho o número de funcionários em "layoff" (suspensão temporária do contrato de trabalho) no setor já ultrapassa o total acumulado em 2013. Nesse período, a quantidade de requerimentos de bolsa-qualificação, benefício concedido ao funcionário afastado, chegou a 7.514, contra 7.144 no ano passado.

O aumento elevou as previsões de gastos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) com a rubrica neste ano para R$ 52,5 milhões, quase o dobro do registrado no ano passado (R$ 33,8 milhões). Dados do portal da Transparência mostram que, até maio, o benefício já custou R$ 17,5 milhões, 33,5% do previsto no orçamento.

O bolsa-qualificação pode chegar atualmente a R$ 1.304,65 - valor do teto do seguro-desemprego. O funcionário pode ficar afastado por um período de dois a cinco meses e mantém direito a férias, 13º e participação nos resultados. Nos acordos fechados entre sindicatos e entidades patronais desde o início do ano, as empresas se comprometem a pagar a diferença entre o salário e a bolsa, para que os trabalhadores continuem recebendo a remuneração integral.

Com quedas sucessivas nas vendas e na produção, o setor automotivo é o principal afetado pela onda de "layoffs". No ABC paulista, onde se concentra grande número de montadoras e fábricas de autopeças, há atualmente 1.300 metalúrgicos com contratos de trabalho suspensos, de acordo com o sindicato da categoria. <br> <br>
A Volkswagen de São José dos Pinhais(PR) afastou 400 funcionários em junho e, há poucos dias, negociou a suspensão de contrato de outros 70 na unidade de São Carlos (SP). Segundo o sindicato dos metalúrgicos do município, houve também na região o afastamento de 120 funcionários da Electrolux e 40 da Smalte.


O grupo de 300 metalúrgicos que havia sido afastado entre fevereiro e maio pela Volkswagen, no Paraná, já retornou ao trabalho. Caso a produção não retome o ritmo até setembro, para quando está previsto a volta da segunda turma, o sindicato tentará negociar novos afastamentos temporários. A expectativa entre os trabalhadores, porém, é que as vendas do setor automotivo melhorem neste segundo semestre.


O "lay-off" é um bom arranjo de curto prazo para que as empresas contornem dificuldades temporárias. "Trata-se de uma saída de curto prazo para o setor que passa por algum problema específico, sofrendo o impacto de um ciclo econômico mais adverso. Se o problema, contudo, for estrutural  o afastamento temporário perde o sentido.

O desembolso das empresas com os funcionários em "layoff" varia bastante. Em São Carlos, por exemplo, onde o salário médio dos metalúrgicos é de R$ 2,3 mil, a bolsa paga pela FAT cobre a maior parte dos custos. Na unidade da Volkswagen em São José dos Pinhais, o desembolso é maior, já que a remuneração média está mais próxima de R$ 3 mil. O salário médio da base dos metalúrgicos do ABC é de R$ 4,4 mil. <br> <br>

Recentemente o emprego no segmento automotivo foi uma das pautas da reunião do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC com o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini. Nada foi divulgado a respeito. 
Atualmente, a fábrica da Ford em Taubaté emprega cerca de 1.800 pessoas.
A unidade produz motores, transmissão (câmbio) e faz fundição e usinagem de peças para a planta da montadora no Estado da Bahia.
Desde dezembro do ano passado, a Ford já concedeu três férias coletivas e outros 15 dias de licença por conta de acúmulo de banco de horas na unidade.
Neste novo retorno a jornada de trabalho será reduzida de 42 horas para 33 horas semanais. 
Mais de 200 trabalhadores já aderiram ao PDV DA FORD.




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