Enio Tatto
Por mais que o governo do Estado de São
Paulo tente tapar o sol com a peneira, a realidade nos bate à porta: a
violência no Estado está sem limite e controle por parte das autoridades. Os
números falam por si só. Dados da própria Secretaria de Segurança Pública
indicam um crescimento da violência em todo o território paulista.
De janeiro a março deste ano foram
registrados em todo Estado 1.189 homicídios dolosos (quando há intenção),
contra 1.078 no mesmo trimestre de 2012. Os casos de latrocínio – roubos
seguidos de assassinatos – subiram de 85 no ano passado para 101 neste ano. Os
estupros dispararam: passaram de 3.063 casos para 3.356 em 2013.
Os roubos também seguiram a tendência
de alta no Estado inteiro. As ocorrências saltaram de 58.526 no primeiro
trimestre de 2012 para 59.260 nos três meses iniciais deste ano. Na Capital os
números também são assustadores. Aumento no número de furtos e roubos de
veículos, por exemplo, saltou de 22.479 para 23.254 no mesmo período. Roubos de
carga, roubo a banco, tráfico de drogas, homicídio culposo e lesão corporal
dolosa, entre outros, igualmente aumentaram na metrópole.
Ao todo, 12 dos 20 índices pesquisados
pela Secretaria de Segurança apresentaram piora nas estatísticas. Não dá nem
para comemorar a queda de um ou outro índice isoladamente, pois os números da
violência em São Paulo estão todos na estratosfera.
O governo do Estado está perdido no
combate à criminalidade. Em menos de dois anos anunciou três planos para
reduzir os índices de violência. O último foi o anúncio de que pagará bônus
semestral de até R$ 10 mil para os policiais de todo o Estado que coseguirem
reduzir os índices de criminalidade em suas áreas. O pagamento começará em
2014, a partir dos resultados auferidos no segundo semestre deste ano.
Mal o plano foi lançado e choveu
críticas de especialistas. Uns dizem que fará aumentar os casos de arbítrio e
de abuso de poder por parte da polícia. Outros asseveram que a premiação pode
criar rivalidade entre os policiais e até evitar a cooperação e a troca de
informação. Também tem quem alerte para o risco de manipulação de estatísticas
para atingir as metas.
Sobre esse plano, fico com as palavras
da presidenta da Associação dos Delegados de São Paulo, Marilda Pinheiro. Diz
ela: “Vão premiar o policial para cumprir sua obrigação. Acho um absurdo. A
polícia não trabalha por produção”. Ela também teme a manipulação de
estatísticas e prefere o reajuste de salário no lugar do bônus.
Se até o vice-governador Afif Domingos afirma que
a violência é “epidêmica” no Estado, depois que um veículo de sua filha foi alvejado por tiros numa
tentativa frustrada de assalto, no Morumbi, zona sul da Capital, não sou eu quem vai
desmenti-lo. A
afirmação demonstra a sensação de insegurança no Estado de São Paulo nos
governos do PSDB, notadamente no governo de Geraldo Alckmin.
Enio Tatto é deputado Estadual
(PT) e 1º secretário da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Estado de
São Paulo (Alesp)
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