terça-feira, 4 de junho de 2013

Violência sem limites em São Paulo

Enio Tatto

Por mais que o governo do Estado de São Paulo tente tapar o sol com a peneira, a realidade nos bate à porta: a violência no Estado está sem limite e controle por parte das autoridades. Os números falam por si só. Dados da própria Secretaria de Segurança Pública indicam um crescimento da violência em todo o território paulista.

         De janeiro a março deste ano foram registrados em todo Estado 1.189 homicídios dolosos (quando há intenção), contra 1.078 no mesmo trimestre de 2012. Os casos de latrocínio – roubos seguidos de assassinatos – subiram de 85 no ano passado para 101 neste ano. Os estupros dispararam: passaram de 3.063 casos para 3.356 em 2013.
        
         Os roubos também seguiram a tendência de alta no Estado inteiro. As ocorrências saltaram de 58.526 no primeiro trimestre de 2012 para 59.260 nos três meses iniciais deste ano. Na Capital os números também são assustadores. Aumento no número de furtos e roubos de veículos, por exemplo, saltou de 22.479 para 23.254 no mesmo período. Roubos de carga, roubo a banco, tráfico de drogas, homicídio culposo e lesão corporal dolosa, entre outros, igualmente aumentaram na metrópole.

         Ao todo, 12 dos 20 índices pesquisados pela Secretaria de Segurança apresentaram piora nas estatísticas. Não dá nem para comemorar a queda de um ou outro índice isoladamente, pois os números da violência em São Paulo estão todos na estratosfera.

         O governo do Estado está perdido no combate à criminalidade. Em menos de dois anos anunciou três planos para reduzir os índices de violência. O último foi o anúncio de que pagará bônus semestral de até R$ 10 mil para os policiais de todo o Estado que coseguirem reduzir os índices de criminalidade em suas áreas. O pagamento começará em 2014, a partir dos resultados auferidos no segundo semestre deste ano.

         Mal o plano foi lançado e choveu críticas de especialistas. Uns dizem que fará aumentar os casos de arbítrio e de abuso de poder por parte da polícia. Outros asseveram que a premiação pode criar rivalidade entre os policiais e até evitar a cooperação e a troca de informação. Também tem quem alerte para o risco de manipulação de estatísticas para atingir as metas.

         Sobre esse plano, fico com as palavras da presidenta da Associação dos Delegados de São Paulo, Marilda Pinheiro. Diz ela: “Vão premiar o policial para cumprir sua obrigação. Acho um absurdo. A polícia não trabalha por produção”. Ela também teme a manipulação de estatísticas e prefere o reajuste de salário no lugar do bônus.

Se até o vice-governador Afif Domingos afirma que a violência é “epidêmica” no Estado, depois que um veículo de sua filha foi alvejado por tiros numa tentativa frustrada de assalto, no Morumbi, zona sul da Capital, não sou eu quem vai desmenti-lo. A afirmação demonstra a sensação de insegurança no Estado de São Paulo nos governos do PSDB, notadamente no governo de Geraldo Alckmin.


Enio Tatto é deputado Estadual (PT) e 1º secretário da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp)

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