quinta-feira, 20 de novembro de 2014

ARCEBISPO DE SÃO PAULO DEFENDE PAPEL ATIVO DE EMPRESÁRIOS E POLÍTICOS PARA REDUZIR DIFERENÇAS SOCIAIS



Em sua palestra “A força da fé para mobilizar pelas grandes causas do País”, o arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, um dos principais nomes da Igreja Católica do Brasil e mundial, discorreu sobre temas que permeiam os desafios enfrentados pela sociedade moderna e o papel da Igreja Católica no Almoço-Debate, promovido hoje pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais, presidido por João Doria Jr., no Hotel Grand Hyatt, em São Paulo, com a presença de 307 empresários. Segundo o cardeal, dois grupos – empresários e políticos - são fundamentais nas questões relativas à miséria, justiça, solidariedade, paz e ética. “O empresariado e a classe política têm um papel decisivo para um maior engajamento e para a fraternidade entre os povos”, afirmou Dom Odilo.

De acordo com o arcebispo, a Igreja enfrenta os momentos difíceis e as crises, sem abdicar de sua missão. Para ele, a força e a violência suscitam o ódio; enquanto a justiça e a fraternidade, juntas, são a base sólida para a paz. “A corrupção e o crime organizado ferem profundamente a fraternidade – exploram povos miseráveis e derramam sangue inocente. O oxigênio da fraternidade é o engajamento para a criação de uma nova mentalidade”, defendeu.

Abordando a função social da propriedade, o arcebispo afirmou que é necessário ouvir o clamor dos pobres e que os povos mais favorecidos renunciem em favor destes. Sobre os programas sociais, como o Bolsa Família, o arcebispo salientou que, embora necessários, não podem favorecer um sistema de dependência.

Indagado se haveria perdão “em confissão” para aqueles que teriam roubado R$ 70 bilhões da Petrobras, Dom Odilo ressaltou que “havendo arrependimento e reparação da dívida, pode haver perdão”.

Sobre as eleições presidenciais, nas quais muitos viram seus desejos frustrados, Dom Odilo disse que o resultado mostrou um Brasil em mudança e que isso não pode ser ignorado por quem está no poder. “Continuemos a crer e a respeitar as instituições e, efetivamente, a fazer as mudanças necessárias. Mas para isso é preciso que a sociedade se mobilize”.

Assuntos como aborto e homossexualidade também foram abordados. “Não há o que flexibilizar por parte da Igreja com relação ao aborto e à união homoafetiva. O aborto é a supressão da vida. Quanto à homossexualidade, a Igreja Católica entende que a natureza não errou ao fazer dois sexos e é sábio quem respeita o feito dela. Porém, apesar de enfática, a Igreja tem um novo olhar para estas questões de forma caridosa, respeitosa, acolhendo e orientando”.

PESQUISA

Ao final do evento foi apresentada a 100ª edição da Pesquisa Clima Empresarial LIDE-FGV, realizada com os 307 empresários presentes ao Almoço-Debate, que revelou resultados preocupantes. “Os índices apontaram as piores notas em todas as esferas, do Municipal ao Federal”, avaliou Fernando Meirelles, responsável pela pesquisa e presidente do LIDE CONTEÚDO. O índice, calculado pela Fundação Getúlio Vargas, é uma nota de 0 a 10, resultante de três componentes com o mesmo peso: governo, negócios e empregos.

A eficiência gerencial e o desempenho dos governos obteve a menor nota ao longo dos 11 anos nos quais a pesquisa é realizada: 1,2% para a esfera federal; 5,2% para estadual; e 2,5% para municipal.

Poucos empresários - apenas 14% -, acreditam que irão faturar mais em 2014 do que no ano passado. “Pela primeira vez, o saldo dos empregos é de 22% negativo e muito preocupante”, diz o professor. Entre os fatores que impedem o crescimento das empresas, o cenário político chegou a 52%, ultrapassando até mesmo a carga tributária, tema de contínua preocupação entre os empresários, que atingiu a marca de 35%. Entre a área que precisa melhorar e o tema mais preocupante para o cenário econômico de 2014, os números apontam educação, com 40%.

Para 2015, a maior preocupação do empresariado é o cenário político atingindo nada menos do que 77%. Receita e emprego foram avaliados com otimismo para o ano que vem passando de 14% para 45%; e de 22% negativos a 25% positivos. Segundo a pesquisa, o PIB também deve crescer para 2%.

SOBRE O LIDE - Fundado em junho de 2003, o LIDE - Grupo de Líderes Empresariais possui dez anos de atuação. Atualmente tem 1.620 empresas filiadas (com as unidades regionais e internacionais), que representam 52% do PIB privado brasileiro. O objetivo do Grupo é difundir e fortalecer os princípios éticos de governança corporativa no Brasil, promover e incentivar as relações empresariais e sensibilizar o apoio privado para educação, sustentabilidade e programas comunitários. Para isso, são realizados inúmeros eventos ao longo do ano, promovendo a integração entre empresas, organizações, entidades privadas e representantes do poder público, por meio de debates, seminários e fóruns de negócios.

Nenhum comentário:

Postar um comentário