sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

ENTREVISTA DE PEIXOTO NÃO DIVULGADA


IRANI LIMA
A principal atribuição de uma assessoria de comunicação e apresentar ao público as realizações do assessorado por meio de releases (informativos), agendamento de entrevistas nos órgãos de imprensa e, quando necessário, confecção de panfletos, faixas, banner e cartazes.

Assessorar um prefeito é mais complexo. Além do conhecimento técnico, o assessor precisa conhecer o mundo político e o meio no qual está atuando. Não basta ser um bom jornalista para ser um bom assessor de comunicação. É preciso mais que isto.

A entrevista abaixo foi preparada pela assessoria contratada pelo ex-prefeito Roberto Peixoto (sem partido), em novembro de 2011, três meses após sua absolvição pela Câmara Municipal, no processo de cassação a que fora submetido.

Uma das primeiras medidas tomadas pela assessoria contratada por indicação do ex-secretário de Governo Adair Loredo (hoje exerce a mesma função na Prefeitura de Ferraz de Vasconcelos), foientrevistar Peixoto.

O material circulou entre os principais assessores do ex-prefeito, entre os quais o próprio Adair Loredo, Anthero Mendes Pereira, Jacir Cunha e Carlos Roberto (Carlinhos Jornalista) e na redação de um jornal local.

O material, porém, jamais foi publicado. O próprio Peixoto teria impedido sua divulgação.

Recebi este material de um colega que participou da entrevista. Reproduzo-a na íntegra.

Roberto Peixoto inicia seu último ano a frente da prefeitura de Taubaté com revelações bombásticas. De seus dois mandatos, o ano de 2011 tornou-se sinônimo de inferno para esse católico praticante, devoto de Nossa Senhora Aparecida e de São Francisco de Assis. Além de uma extensa campanha difamatória, que não poupou sequer os integrantes de sua família, Peixoto vivenciou um processo de cassação no legislativo municipal e uma mal explicada prisão que também levou sua esposa, Luciana, para a privação da liberdade.

Esse homem de jeito acanhado, sempre com seu terço no bolso, resolveu agora escancarar todos os bastidores do pior ano de sua história e da vida pública de Taubaté. Seu relato é impressionante, repleto de articulações conspiratórias para a derrubada de seu mandato e a tomada da prefeitura do município mais desenvolvido do Vale do Paraíba. Confira nesta entrevista exclusiva.

Por que somente agora o senhor resolveu conceder uma entrevista para esclarecer diversos pontos obscuros da crise política que assolou Taubaté?

Por uma questão de princípios. Não sou leviano, como meus opositores. Eles partiram para trucidar a mim e minha família, sem o mínimo respeito por nada. Esse tipo de atitude está longe de minha índole Aguardei ter todos os elementos em minhas mãos para conseguir montar esse imenso quebra cabeças. Confesso que no começo eu não entendia direito o que estava ocorrendo e qual o motivo de tanta agressão. Fui até um pouco ingênuo, pois nunca vi ou passei em toda minha vida pública por um barbarismo tão selvagem quanto essa campanha difamatória. Sabia que Taubaté estava crescendo muito e despertando a cobiça, a inveja em muitos de meus inimigos políticos. Mas agora tenho tudo que preciso e provado para apresentar para à população de Taubaté.

O que o senhor descobriu que é tão grave?

São coisas gravíssimas. O que tentaram fazer aqui em Taubaté foi um golpe de estado na área municipal, tomar o poder executivo a força. Uma conspiração com muito dinheiro, acertos e conchavos envolvendo gente gananciosa, grupos econômicos, imprensa forasteira, partidos políticos e até mesmo o Ministério Público.  Algo rasteiro, da pior espécie. Tudo começou, como eu já lhe disse, com o crescimento econômico de Taubaté e a melhoria em sua qualidade de vida. A cidade ultrapassou São José dos Campos em diversos aspectos. Então virou a bola da vez, todo mundo quer se apossar de uma cidade rica, com alta qualidade de vida e de futuro muito próspero. Basicamente é isto, tentaram tomar Taubaté dos taubateanos, e falo isto com provas concretas.

O senhor poderia ser mais específico?

Posso sim e é hora de se fazer isto. O crescimento de Taubaté que colocou a cidade entre as 10 mais desenvolvidas no Brasil e pelo segundo ano consecutivo como a campeão em desenvolvimento no Vale do Paraíba despertou a cobiça alheia. Tanto de políticos como de grupos econômicos, muitos deles atuantes em São José dos Campos, onde deitam e rolam na cidade. Como saturaram o segmento da construção civil em São José e com a chegada das grandes corporações na cidade, as empreiteiras estão procurando o mercado de Taubaté, que é o mais próspero da região. O terreno aqui ainda é mais barato entre as grandes cidades do Vale e a qualidade de vida aqui é insuperável. Junto com esse pessoal vem todo o segmento imobiliário, além de diversas empresas de fora, dos mais variados setores, que entram na cidade para explorar ao máximo e sem dar ao povo local, quase nada em troca. Só que estavam acostumados com terra de ninguém e aqui é diferente. Mais de 60% dos investimentos de Taubaté são feitos por taubateanos, aqui é uma cidade que tem história, tem tradição. São José, diferente daqui, surgiu de um grande projeto militar que foi expandido dentro da ditadura militar, sequer tem identidade própria. A Embraer nasceu na ditadura assim como o INPE e diversos outros institutos, além das indústrias bélicas. Sua base está calçada neste grande projeto da ditadura, que funciona até os dias atuais. (Isso, sem dúvida ajudou no desenvolvimento da cidade, mas a que preço? – grifo da assessoria de Peixoto) Quase todo investimento feito lá é de fora, joseense é artigo raro, quase inexistente. Então essa gente encontrou um grupo aqui sequioso pelo poder, gente que sempre esteve agarrada nas tetas da política e que eu cortei. Aí juntou a fome com a vontade de comer. E o governo do Estado, o PSDB, estimulou ao máximo essa crise, pois o Bernardo Ortiz é a figura mais vil e desprezível que já tive o desprazer em conhecer e está criando uma cobra mimada, que pretende ser prefeito da nossa cidade. Taubaté tem dinheiro, é uma cidade rica e abençoada, tudo isto alimenta a ganância de alguns que querem vir para cá o enriquecer a custa dos taubateanos.

Mas a imprensa ficou por mais de três meses atacando sua gestão, não foi?

Você quer dizer a imprensa forasteira, de São José, e controlada por gente que sequer é de lá. Os donos desses jornais Bom Dia e O Vale que passaram a fazer campanhas difamatórias absurdas. Meus advogados iam ingressar inclusive com ações baseadas na Declaração Universal dos Direitos Humanos, pois me julgaram, condenaram e sentenciaram sem que eu tivesse direito de defesa.  Evidente que esses jornais estavam também ligados a esse grupo de oportunistas e buscavam destruir a imprensa daqui. Note uma coisa muito interessanteSão José dos Campos é a única das grandes cidades do interior do Brasil que não tem um jornal próprio, feito por gente da terra, ela sedia um jornal regional e só. A desculpa que usaram para promover essa crise em Taubaté foi que faziam um jornalismo engajado, contra a corrupção, mas nunca me deram espaço nenhum para que eu pudesse rebater as acusações. Hoje esses jornais sequer podem falar em corrupção, pois são alvos da Justiça em diversos processos de fraude. O objetivo deste massacre pessoal que sofri era derrubar o prefeito e colocar um fantoche no lugar, com certeza a pior crise que vivenciei em minha carreira política. Depois de atacarem o executivo sem êxito, veja como esses mesmos veículos de comunicação passaram a atirar toda sua ira contra os vereadores de Taubaté. Isto é fato, não tem invenção nenhuma.

O senhor falou que o Ministério Público estava envolvido, como?

Sim, está até o pescoço. Além de ter me perseguido por toda a gestão e de ter embarcado nesta campanha para desestabilizar a cidade, o promotor daqui mandou servidores embora, proibiu a prefeitura de ajudar as entidades assistenciais e quase acabou com nossos mais de 50 projetos sociais. Aqui fomos vítimas de abuso de poder, de uma pessoa despreparada para observar o mal que causava e que causa a cidade por sua vaidade desmedida. Somos alvos de abuso de poder e temos provas que grande parte disto partiu desses grupos que queriam tomar a prefeitura e dominar o povo e a economia local.

Se ocorreu abuso de poder, por que seus advogados não denunciaram isto?

Eu pedi várias vezes que o fizessem. Não sei qual o motivo de não terem feito isto ainda. Tenha certeza que vou cobrar isto dos advogados e darei, muito em breve, uma satisfação pública a esse respeito. Vou tomar as atitudes necessárias, doa a quem doer.

Em sua avaliação suas ações não foram tardias demais?

Como lhe disse, por principio não podia entrar atirando em todos sem ter provas. Era isto que essa gente, encabeçada pelo Bernardo Ortiz e sua gangue, queria. O PSDB e o PT tem um grande projeto para a região, que é dominar as principais cidades do eixo Rio-São Paulo. Só não conseguem fazer isto aqui em Taubaté.  Na hora de dar o bote, como uma jararaca, eles se unem. Confesso que demorei sim e consegui superar tudo pela grande fé que tenho e pelos atos de carinho que recebi do povo taubateano, destas pessoas mais humildes para quem eu sempre governei. A estratégia desta camarilha era ver se eu me apavorava, mas minha proteção divina é maior que a cobiça e o ódio dessa gentalha.

E quanto às críticas pelo fato do senhor ter trazido secretários de fora?

Outra grande bobagem de gente que deveria estar trabalhando, mas prefere os balcões de padarias e botequins. Veja como as pessoas que vieram adotaram Taubaté como sua terra natal. Taubaté é cativante, foi assim com a aviadora Joaninha, com a Celly Campello, com o Mazzaropi e tantos outros. Essas pessoas se sentem orgulhosas de dizerem que são de Taubaté, mesmo não tendo o privilégio de terem nascido aqui. Veja o meu secretário de governo, o doutor Adair Loredo, como ele é querido na cidade. Ele atende todo mundo com boa vontade, conseguiu resolver diversos problemas que tínhamos aqui e hoje é uma pessoa de extrema confiança tanto minha como das pessoas de Taubaté. Nunca teve nada disto de “legião estrangeira”, isto é coisa de futrica paroquial, de gente de mentalidade tacanha. Taubaté sempre foi acolhedora com quem respeita sua história, sua tradição e sua cultura. Quem veio para cá sempre esteve imbuído em trabalhar por uma Taubaté melhor. Tenho certeza disto.

Como o senhor acha que será sua sucessão?

Não será fácil, com certeza. Esse grupo, que envolve políticos, ongs, jornalistas e empresários, manterá os ataques a quem receber meu apoio. Mesmo com essa campanha difamatória, as pessoas que realmente amam Taubaté me perguntam o que aconteceu e também entendem que existe algo muito estranho em toda essa história. O PMDB terá seu candidato próprio, com certeza e fará o novo prefeito da cidade. Afinal, somos a terra dos bandeirantes, desses heróis brasileiros que nunca se entregaram aos obstáculos.

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