IRANI LIMA
A principal atribuição de uma assessoria de comunicação e apresentar ao
público as realizações do assessorado por meio de releases (informativos),
agendamento de entrevistas nos órgãos de imprensa e, quando necessário,
confecção de panfletos, faixas, banner e cartazes.
Assessorar um prefeito é mais
complexo. Além do conhecimento técnico, o assessor precisa conhecer o mundo
político e o meio no qual está atuando. Não basta ser um bom jornalista para
ser um bom assessor de comunicação. É preciso mais que isto.
A entrevista abaixo foi preparada
pela assessoria contratada pelo ex-prefeito Roberto Peixoto (sem partido), em
novembro de 2011, três meses após sua absolvição pela Câmara Municipal, no
processo de cassação a que fora submetido.
Uma das primeiras medidas tomadas
pela assessoria contratada por indicação do ex-secretário de Governo Adair
Loredo (hoje exerce a mesma função na Prefeitura de Ferraz de Vasconcelos), foientrevistar Peixoto.
O material circulou entre os
principais assessores do ex-prefeito, entre os quais o próprio Adair Loredo,
Anthero Mendes Pereira, Jacir Cunha e Carlos Roberto (Carlinhos Jornalista) e
na redação de um jornal local.
O material, porém, jamais foi
publicado. O próprio Peixoto teria impedido sua divulgação.
Recebi este material de um colega que
participou da entrevista. Reproduzo-a na íntegra.
Roberto Peixoto inicia seu último ano
a frente da prefeitura de Taubaté com revelações bombásticas. De seus dois
mandatos, o ano de 2011 tornou-se sinônimo de inferno para esse católico
praticante, devoto de Nossa Senhora Aparecida e de São Francisco de Assis. Além
de uma extensa campanha difamatória, que não poupou sequer os integrantes de
sua família, Peixoto vivenciou um processo de cassação no legislativo municipal
e uma mal explicada prisão que também levou sua esposa, Luciana, para a
privação da liberdade.
Esse homem de jeito acanhado, sempre
com seu terço no bolso, resolveu agora escancarar todos os bastidores do pior
ano de sua história e da vida pública de Taubaté. Seu relato é impressionante,
repleto de articulações conspiratórias para a derrubada de seu mandato e a
tomada da prefeitura do município mais desenvolvido do Vale do Paraíba. Confira
nesta entrevista exclusiva.
Por que somente agora o senhor
resolveu conceder uma entrevista para esclarecer diversos pontos obscuros da
crise política que assolou Taubaté?
Por uma questão de princípios. Não
sou leviano, como meus opositores. Eles partiram para trucidar a mim e minha
família, sem o mínimo respeito por nada. Esse tipo de atitude está longe de
minha índole Aguardei ter todos os elementos em minhas mãos para conseguir
montar esse imenso quebra cabeças. Confesso que no começo eu não entendia
direito o que estava ocorrendo e qual o motivo de tanta agressão. Fui até um
pouco ingênuo, pois nunca vi ou passei em toda minha vida pública por um
barbarismo tão selvagem quanto essa campanha difamatória. Sabia que Taubaté
estava crescendo muito e despertando a cobiça, a inveja em muitos de meus
inimigos políticos. Mas agora tenho tudo que preciso e provado para apresentar para à
população de Taubaté.
O que o senhor descobriu que é tão
grave?
São coisas gravíssimas. O que
tentaram fazer aqui em Taubaté foi um golpe de estado na área municipal, tomar
o poder executivo a força. Uma conspiração com muito dinheiro, acertos e conchavos
envolvendo gente gananciosa, grupos econômicos, imprensa forasteira, partidos
políticos e até mesmo o Ministério Público. Algo rasteiro, da pior
espécie. Tudo começou, como eu já lhe disse, com o crescimento econômico de
Taubaté e a melhoria em sua qualidade de vida. A cidade ultrapassou São José
dos Campos em diversos aspectos. Então virou a bola da vez, todo mundo quer se
apossar de uma cidade rica, com alta qualidade de vida e de futuro muito
próspero. Basicamente é isto, tentaram tomar Taubaté dos taubateanos, e falo
isto com provas concretas.
O senhor poderia ser mais específico?
Posso sim e é hora de se fazer isto.
O crescimento de Taubaté que colocou a cidade entre as 10 mais desenvolvidas no
Brasil e pelo segundo ano consecutivo como a campeão em desenvolvimento no Vale
do Paraíba despertou a cobiça alheia. Tanto de políticos como de grupos
econômicos, muitos deles atuantes em São José dos Campos, onde deitam e rolam
na cidade. Como saturaram o segmento da construção civil em São José e com a
chegada das grandes corporações na cidade, as empreiteiras estão procurando o
mercado de Taubaté, que é o mais próspero da região. O terreno aqui ainda é
mais barato entre as grandes cidades do Vale e a qualidade de vida aqui é
insuperável. Junto com esse pessoal vem todo o segmento imobiliário, além de
diversas empresas de fora, dos mais variados setores, que entram na cidade para
explorar ao máximo e sem dar ao povo local, quase nada em troca. Só que estavam acostumados com terra de
ninguém e aqui é diferente. Mais de 60% dos investimentos de Taubaté são feitos
por taubateanos, aqui é uma cidade que tem história, tem tradição. São José,
diferente daqui, surgiu de um grande projeto militar que foi expandido dentro
da ditadura militar, sequer tem identidade própria. A Embraer nasceu na
ditadura assim como o INPE e diversos outros institutos, além das indústrias
bélicas. Sua base está calçada neste grande projeto da ditadura, que funciona
até os dias atuais. (Isso, sem dúvida ajudou no desenvolvimento da cidade, mas
a que preço? – grifo da assessoria de Peixoto) Quase todo investimento feito lá é de
fora, joseense é artigo raro, quase inexistente. Então essa gente encontrou um
grupo aqui sequioso pelo poder, gente que sempre esteve agarrada nas tetas da
política e que eu cortei. Aí juntou a fome com a vontade de comer. E o governo
do Estado, o PSDB, estimulou ao máximo essa crise, pois o Bernardo Ortiz é a
figura mais vil e desprezível que já tive o desprazer em conhecer e está
criando uma cobra mimada, que pretende ser prefeito da nossa cidade. Taubaté
tem dinheiro, é uma cidade rica e abençoada, tudo isto alimenta a ganância de
alguns que querem vir para cá o enriquecer a custa dos taubateanos.
Mas a imprensa ficou por mais de três
meses atacando sua gestão, não foi?
Você quer dizer a imprensa
forasteira, de São José, e controlada por gente que sequer é de lá. Os donos
desses jornais Bom Dia e O Vale que passaram a fazer campanhas difamatórias
absurdas. Meus advogados iam ingressar inclusive com ações baseadas na
Declaração Universal dos Direitos Humanos, pois me julgaram, condenaram e
sentenciaram sem que eu tivesse direito de defesa. Evidente que esses
jornais estavam também ligados a esse grupo de oportunistas e buscavam destruir
a imprensa daqui. Note uma coisa muito interessante: São José dos Campos é a única das
grandes cidades do interior do Brasil que não tem um jornal próprio, feito por
gente da terra, ela sedia um jornal regional e só. A desculpa que usaram para
promover essa crise em Taubaté foi que faziam um jornalismo engajado, contra a
corrupção, mas nunca me deram espaço nenhum para que eu pudesse rebater as
acusações. Hoje esses jornais sequer podem falar em corrupção, pois são alvos
da Justiça em diversos processos de fraude. O objetivo deste massacre pessoal
que sofri era derrubar o prefeito e colocar um fantoche no lugar, com certeza a
pior crise que vivenciei em minha carreira política. Depois de atacarem o executivo
sem êxito, veja como esses mesmos veículos de comunicação passaram a atirar
toda sua ira contra os vereadores de Taubaté. Isto é fato, não tem invenção
nenhuma.
O senhor falou que o Ministério
Público estava envolvido, como?
Sim, está até o pescoço. Além de ter
me perseguido por toda a gestão e de ter embarcado nesta campanha para
desestabilizar a cidade, o promotor daqui mandou servidores embora, proibiu a
prefeitura de ajudar as entidades assistenciais e quase acabou com nossos mais
de 50 projetos sociais. Aqui fomos vítimas de abuso de poder, de uma pessoa
despreparada para observar o mal que causava e que causa a cidade por sua
vaidade desmedida. Somos alvos de abuso de poder e temos provas que grande
parte disto partiu desses grupos que queriam tomar a prefeitura e dominar o
povo e a economia local.
Se ocorreu abuso de poder, por que
seus advogados não denunciaram isto?
Eu pedi várias vezes que o fizessem.
Não sei qual o motivo de não terem feito isto ainda. Tenha certeza que vou
cobrar isto dos advogados e darei, muito em breve, uma satisfação pública a
esse respeito. Vou tomar as atitudes necessárias, doa a quem doer.
Em sua avaliação suas ações não foram
tardias demais?
Como lhe disse, por principio não
podia entrar atirando em todos sem ter provas. Era isto que essa gente,
encabeçada pelo Bernardo Ortiz e sua gangue, queria. O PSDB e o PT tem um
grande projeto para a região, que é dominar as principais cidades do eixo
Rio-São Paulo. Só não conseguem fazer isto aqui em Taubaté. Na hora de
dar o bote, como uma jararaca, eles se unem. Confesso que demorei sim e
consegui superar tudo pela grande fé que tenho e pelos atos de carinho que
recebi do povo taubateano, destas pessoas mais humildes para quem eu sempre
governei. A estratégia desta camarilha era ver se eu me apavorava, mas minha
proteção divina é maior que a cobiça e o ódio dessa gentalha.
E quanto às críticas pelo fato do
senhor ter trazido secretários de fora?
Outra grande bobagem de gente que
deveria estar trabalhando, mas prefere os balcões de padarias e botequins. Veja
como as pessoas que vieram adotaram Taubaté como sua terra natal. Taubaté é
cativante, foi assim com a aviadora Joaninha, com a Celly Campello, com o
Mazzaropi e tantos outros. Essas pessoas se sentem orgulhosas de dizerem que
são de Taubaté, mesmo não tendo o privilégio de terem nascido aqui. Veja o meu
secretário de governo, o doutor Adair Loredo, como ele é querido na cidade. Ele
atende todo mundo com boa vontade, conseguiu resolver diversos problemas que tínhamos
aqui e hoje é uma pessoa de extrema confiança tanto minha como das pessoas de
Taubaté. Nunca teve nada disto de “legião estrangeira”, isto é coisa de futrica
paroquial, de gente de mentalidade tacanha. Taubaté sempre foi acolhedora com
quem respeita sua história, sua tradição e sua cultura. Quem veio para cá
sempre esteve imbuído em trabalhar por uma Taubaté melhor. Tenho certeza disto.
Como o senhor acha que será sua
sucessão?
Não será fácil, com certeza. Esse
grupo, que envolve políticos, ongs, jornalistas e empresários, manterá os
ataques a quem receber meu apoio. Mesmo com essa campanha difamatória, as
pessoas que realmente amam Taubaté me perguntam o que aconteceu e também
entendem que existe algo muito estranho em toda essa história. O PMDB terá seu
candidato próprio, com certeza e fará o novo prefeito da cidade. Afinal, somos
a terra dos bandeirantes, desses heróis brasileiros que nunca se entregaram aos
obstáculos.
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