Pollyana Gama
Vereadora, Educadora e mestranda
em Desenvolvimento Humano
Em julho, quando as Casas Legislativas
do país entravam no período de recesso parlamentar, eu me preparava para
participar de três importantes Conferências: de Assistência Social; de Educação
e de Cultura, que ocorreram até a primeira quinzena de agosto. Cada evento
trouxe um aprendizado, uma nova experiência. Mas, todos eles, me revelaram algo
em comum, que considero fundamental para o avanço do processo democrático: a
participação efetiva dos diversos segmentos sociais. Isso, a meu ver,
representa um salto significativo, visto que a comunidade demonstra que está
sim preocupada em se aproximar das decisões coletivas com elaboração de
propostas e opiniões, fortalecendo o debate de temas relevantes em benefício do
bem comum.
O dicionário Aurélio define
´Conferência´ como “o ato ou efeito de conferir. Confronto, cotejo.
Conversação entre duas ou mais pessoas sobre negócios de interesse comum.
Reunião dos membros dum tribunal coletivo para decisão final ou acórdão”. Sempre
que posso divulgo a distância que há entre democracia representativa e a
participativa. Num estágio participativo as decisões não são impositivas, isto
é, tomadas de cima para baixo, busca-se participar e decidir consensualmente e
isso exige dedicação e compromisso tanto de "eleitos quanto dos
eleitores". Observei empenho tanto da comunidade quanto do Poder Público,
ao organizar os encontros. Se as propostas sugeridas sairão do papel é outra
história. Caberá a nós, cidadãos, acompanharmos todo o processo.
No caso da IV Conferência Municipal de
Assistência Social, no último dia 25 de julho, em Taubaté, recebemos um
diagnóstico completo do setor, produzido pela Secretaria de Desenvolvimento
Social, que serviu de subsídio para a discussão dos eixos temáticos. Relatar
tudo que foi posto não me é possível dado ao espaço que aqui disponho, no
entanto, três situações me chamaram a atenção: a situação do Albergue Municipal
(segundo participantes, há desvio de finalidade, pois tem sido
utilizado com frequência pelas mesmas pessoas, quando deveria abrigá-las
temporariamente); asilos (a necessidade de se ampliar apoio por parte do
Poder Público ) e a proposta de assistente social escolar (que foi
rejeitada durante a plenária).
Na fase intermunicipal da Conae
(Conferência Nacional de Educação), realizada no início de agosto, em São José
dos Campos, ao lado de professores de Taubaté e outras cidades da Região
Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, contribuí com uma emenda –
aprovada pelos delegados – que propõe a “inclusão na matriz curricular dos
cursos de formação docente, licenciatura, em nível médio e/ou superior a
disciplina ´Valorização dos Profissionais da Educação´, a fim de se aprofundar
na temática a partir de concepções filosóficas, das determinações legais e dos
mecanismos existentes para sua consolidação e/ou elaboração que a
viabilize".
Nossa contribuição está fundamentada
no resultado que obtivemos ao desenvolver pesquisa no Mestrado em
Desenvolvimento Humano, da Unitau. A proposta será defendida durante a fase
estadual da Conae-2014, nos dias 27, 28 e 29 de setembro deste ano. Fui
indicada pela Uvesp (União dos Vereadores do Estado de São Paulo) para
representar a entidade, na qualidade de delegada. O documento final vai compor
um conjunto de propostas para subsidiar a implementação do Plano Nacional de
Educação (PNE). O texto indica as responsabilidades, corresponsabilidades,
atribuições concorrentes, complementares e colaborativas entre os entes
federados e os sistemas de ensino. Anseio para que, numa nova
oportunidade, haja maior divulgação em Taubaté a fim de possibilitar
participação efetiva de todos os profissionais da educação.
Na Conferência de Cultura, na Câmara
de Taubaté, realizada nos dias 9 e 10 deste mês, participei desde sua
organização junto de pessoas engajadas em fazer acontecer uma discussão séria
que contemplasse todos os segmentos culturais da cidade traduzindo sua rica
diversidade. Para muitos que participaram, o momento foi percebido como
“quebra de paradigmas”. Ouvi muitos dizerem ser a primeira vez que foram
convidados para um evento como esse, mas que a princípio, tinham receio de não
serem ouvidos. Ao final, o receio aqui exposto foi superado dando lugar a
outro: "Quando será a próxima? Vai demorar?".
Que bom seria se esses eventos fossem
amplamente divulgados pela mídia local a fim de garantir mais participantes
ativos, co-autores de ações possibilitadoras do que se almeja. Penso que
poderíamos, assim, contar com mais pessoas engajadas com a alfabetização
política da sociedade, pois, paralelo a exigir direitos, é precioso cumprir
deveres e propor alternativas viáveis de execução das políticas públicas.
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