José Rui |
AS ALUSÕES DO POETA JOSÉ RUI CAMARGO
A poesia do mestre professor doutor José Rui Camargo
é feita de alusões. Sua poesia é uma palavra que alude a tudo o que se passa
sob os olhos do poeta, numa quase febre de aproximar distâncias, de despertar
imagens recolhidas, de reviver sentimentos vividos e, acima de tudo, de animar
coisas, objetos e paisagens que vemos e carregamos conosco em silêncio.
Nada escapa às suas alusões. E essas alusões queimam e acariciam. São
veneno e bálsamo, ao mesmo tempo. São escandalosamente simples e diretas na sua
beleza verbal. Acusam a amargura, o desconsolo e a solidão. Namoram a alegria
latente das horas tristes. Destilam o sarcasmo delicado das horas graves. Dão
vida à natureza morta dos desejos suprimidos.
As alusões do poeta são irônicas e melancólicas; são
atrevidas e vorazes; generosas e agressivas; confiantes e patéticas; alucinadas
e serenas. Clamam fundo tanto em seus
apelos de sedução e apetite carnal quanto em seus murmúrios abafados de
resignação, perda ou despedidas. No fluxo incessante dessa poesia incontida
fluem, sob o olhar aceso e a emoção incendiada do poeta, as sensações passadas,
o vazio do instante, o prazer futuro e a ampola galeria de um cotidiano
imediato preenchido por pessoas, bens e animais. Se o olhar do poeta converge
para as figuras humanas das mulheres casadas ou não. Passeando no “shopping”,
surge logo esta sua alusão implacável e
penetrante: “ No “shopping” todas as mulheres/casadas são suspeitas”. Se a
contemplação do poeta recai sobre a cama, um bem material de repouso e gozo,
a alusão contrária não se faz esperar:
“Na cama há sempre um pouco de morte/ que passa despercebido. Se o poeta, no
seu dia-a-dia, cruza com um computador (essa criatura fantástica, supostamente
poderosa e de memória infalível) não descarta sua fina malícia alusiva: “o
computador está triste mas não sabe comunicar”. Assim não ilude a ótica alusiva
de José Rui Camargo aquele “gato”, animal que finge carência afetiva e recebe
um beijo sentimental para, depois, comer um passarinho no fundo do quintal.
O mestre/poeta José Ri Camargo é detentor de farta
bagagem de poesia e prosa. Sua marca característica é o fervor da expressão.
Seus versos, misto de sermão sagrado e erotismo profano, trazem sempre a
grandiloquência da modernidade das paixões. Paixões clamorosas que escondemos e
disfarçamos. Paixões alarmantes que, sob o título aparentemente inofensivo de ‘ANJO AZUL”, Mestre José Rui Camargo não disfarça
nem esconde. Ao contrário, as devassa e as proclama para nosso alívio e júbilo.
Ser poeta não é fácil. É um processo solitário.
Doloroso. Exige sensibilidade e a veia poética que tem dentro de todos nós mas
somente alguns poucos soneguem desenvolvê-la. Mestre Rui tem esse dom. O
desenvolvimento da fluidez da palavra que consegue expressar com técnica e
sensibilidade neste seu novo livro que foi lançado dia 20. É para ser lido e
degustado com todo deleite do néctar dos deuses. Mas, advirto, é para pensar e
raciocinar... Não é jornal...É poesia. E das boas. Não entro mais em detalhes
para aguçar – você leitor – a sentir o desejo de poetar com mestre José Rui.
Vale a pena.
JOSÉ RUI CAMARGO É ENGENHEIRO E PALESTRANTE. É PROFESSO DOUTOR
EM ENGENHARIA MECÂNICA NA ÁREA DE TRANSMISSÃO E CONVERSÃO DE ENERGIA.
É REITOR DA UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ (UNITAU) e membro efetivo da ACADEMIA TAUBATEANA DE
LETRAS.
Anjo Azul é uma publicação da Editora e Livraria Cabral
Universitária. Adquira seu exemplar acessando site da editora www.editoracabral.com.br ou faça contato pelo tel (12) 3624-7641
Nenhum comentário:
Postar um comentário