quarta-feira, 1 de maio de 2013

Viver aprendendo


Camões Filho

         Certo estava Platão, que disse que “só sei que nada sei”. Lembra do antigo poema de Ghiaroni, musicado pelo tremendão Erasmo Carlos? “Na minha infância, quando eu me excedia, / quando eu fazia alguma coisa errada, / se alguém ralhava, minha mãe dizia: / - Ele e criança, não entende nada! // Por dentro, eu ria satisfeito e mudo. / Eu era um homem, entendia tudo. // Hoje, que escrevo histórias e poemas / e pareço ter tido algum estudo, / dizem quando me vêem com meus problemas / - Ele é um homem, entende tudo! // Por dentro, alma confusa e atarantada, / eu sou uma criança, não entendo nada!”
         Estive pensando nessas coisas, nas lições que a vida vem me dando, e cá com meus botões fiquei a imaginar se aprendi algo. Eu aprendi que às vezes temos alguns sonhos que jamais se tornarão realidade, mas que vale a pena continuar sonhando. Eu aprendi com as primaveras – as primaveras vividas e as primaveras que um dia perfumaram minha vida – que quando me cortam eu volto mais forte e mais inteiro.
         Aprendi com o mestre Guimarães Rosa que mestre é quem, de repente, aprende.
         Aprendi que por mais que queiramos ter todas as pessoas queridas ao nosso lado, elas vivem entrando e saindo de nossa vida.
         Aprendi que nosso mundo é feito uma nave, e não estamos absolutamente no controle.
         E aprendi, como escreveu Shakespeare há quase cinco séculos,
que a melhor sala de aula do mundo está aos pés de uma pessoa mais velha;
que ter uma criança adormecida nos braços é um dos momentos mais pacíficos do mundo;
que ser gentil é mais importante do que estar certo;
que nunca se deve negar um presente a uma criança;
que eu sempre posso fazer uma prece por alguém quando não tenho a força para ajudá-lo de alguma outra forma;
que não importa quanta seriedade a vida exija de você, cada um de nós precisa de um amigo brincalhão para se divertir junto;
que algumas vezes tudo o que precisamos é de uma mão para segurar e um coração para nos entender;
que os passeios simples com meu pai em volta do quarteirão nas noites de verão quando eu era criança fizeram maravilhas  para mim quando me tornei adulto;
que deveríamos ser gratos a Deus por não nos dar tudo que lhe pedimos;
que dinheiro não compra "classe";
que são os pequenos acontecimentos diários que tornam a vida espetacular;
que debaixo da "casca grossa" existe uma pessoa que deseja ser apreciada, compreendida e amada;
que Deus não fez tudo num só dia; o que me faz pensar que eu possa?
que ignorar os fatos não os altera;
que quando você planeja se nivelar com alguém, apenas esta permitindo que essa pessoa continue a magoar você;
que o AMOR, e não o TEMPO, é que cura todas as feridas;
que a maneira mais fácil para eu crescer como pessoa é me cercar de gente mais inteligente do que eu;
que cada pessoa que a gente conhece deve ser saudada com um sorriso;
que ninguém é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa;
que a vida é dura, mas eu sou mais ainda;
que as oportunidades nunca são perdidas;  alguém vai aproveitar as que você perdeu.
que quando o ancoradouro se torna amargo a felicidade vai aportar em outro lugar;
que devemos sempre ter palavras doces e gentis pois amanhã talvez tenhamos que engoli-las;
que um sorriso é a maneira mais barata de melhorar sua aparência;
que não posso escolher como me sinto,  mas posso escolher o que fazer a respeito;
que todos querem viver no topo da montanha, mas toda felicidade e crescimento ocorre quando você esta escalando-a;
que só se deve dar conselho em duas ocasiões: quando é pedido ou quando é caso de vida ou morte;
que quanto menos tempo tenho, mais coisas consigo fazer.

         E você aí, aprendeu alguma coisa?


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 Camões Filho, jornalista, escritor e pedagogo, é membro titular da Academia Taubateana de Letras.
E-mail para contato com o autor:  camoesfilho@bol.com.br





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