sábado, 11 de maio de 2013

Quando Deus criou as mães...



Camões Filho

         Conta uma antiga lenda que no dia em que Deus criou as mães, um mensageiro Lhe perguntou o porquê de tanto zelo com aquela criação.
         O bondoso e paciente Criador explicou que aquela mulher teria o papel de mãe, pelo que merecia especial cuidado. Ela deveria ter um beijo que tivesse o dom de curar qualquer coisa, desde leves machucados até as dores do amor. Deveria ser dotada de mãos hábeis e ligeiras que agissem depressa, preparando o lanche do filho, enquanto mexesse nas panelas para que o almoço não queimasse.
         Que tivesse noções básicas de enfermagem e fosse catedrática em medicina da alma. Que aplicasse curativos nos ferimentos do corpo e colocasse bálsamo nas chagas da alma ferida e magoada. Mãos que soubessem acarinhar, mas que fossem firmes para transmitir segurança ao filho de passos vacilantes. Mãos que soubessem transformar um
pedaço de tecido, quase insignificante, numa roupa especial para a festinha da escola.
         Por ser mãe, deveria ser dotada de muitos pares de olhos. Um par para ver através de portas fechadas, para aqueles momentos em que se perguntasse o que é que as crianças estão tramando no quarto fechado. Outro para ver o que não deveria, mas precisa saber e, naturalmente, olhos normais para fitar com doçura uma criança em apuros e lhe dizer: “Eu lhe compreendo. Não tenha medo”.
         O modelo de mãe deveria ser dotado ainda da capacidade de convencer uma criança de nove anos a tomar banho, uma de cinco a escovar os dentes e dormir, quando está na hora. Um modelo delicado, com certeza, mas resistente, capaz de resistir ao vendaval da adversidade e proteger os filhos. De superar a própria enfermidade em benefício dos seus amados e de alimentar uma família com o pão do amor.
         Uma mulher com capacidade de pensar e fazer acordos com as mais diversas faixas de idade. Uma mulher com capacidade de derramar lágrimas de saudade e de dor mas, ainda assim, insistir para que o filho parta em busca do que lhe constitua a felicidade ou signifique seu progresso maior. Uma mulher com lágrimas especiais para os dias da alegria e os da tristeza, para as horas de desapontamento e de solidão.
         Uma mulher de lábios ternos, que soubesse cantar canções de ninar para os bebês e tivesse sempre as palavras certas para o filho arrependido pelas tolices feitas. Lábios que soubessem falar de Deus, do Universo e do amor. Que cantassem poemas de exaltação à beleza da paisagem e aos encantos da vida. Uma mulher. Uma mãe.
         Pois neste Dia das Mães, ao relembrar-me dessa singela lenda, fico com a certeza que Deus, o Criador, mais uma vez acertou ao criar a mulher, a mãe.
         Parabéns a todas as mães do mundo. E minha saudade de minha querida mãe, D. Benedita Semíramis do Couto, que com certeza está lá no céu, colaborando com Deus em suas novas criações...


---------------------------

 Camões Filho, jornalista, escritor e pedagogo, é membro titular da Academia Taubateana de Letras.
E-mail para contato com o autor:  camoesfilho@bol.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário