Prof. Amauri Xavier dos Santos*
* e-mail:
amauricollins@bol.com.br
Num determinado momento da sua vida,
ela parou e começou a refletir sobre o que era fraterno, a questionar porque os
menos favorecidos sofriam tanto, porque há tanta desesperança neste mundo. De
repente, num lampejo, teve uma resposta divina. Saiu da inércia em que ficara por muitos anos e começou a agir
em prol do seu semelhante. Naquele momento, começou a se perguntar como iniciar
uma obra assistencial, quais seriam as ferramentas a serem usadas e como se
posicionar diante dos grandes desafios. Das palavras aos projetos, foi-se ao
concreto. A partir de 1988, fundou o Lar da Criança “Maria de Nazaré” em
Taubaté. Esta casa funcionava como uma creche que abrigava crianças com
paralisia cerebral. No ano de 1990, fundou o Centro Espírita “Maria de Nazaré”
em Taubaté. Neste centro, era distribuído alimentos aos moradores de rua e para
as comunidades carentes. Essas refeições eram oferecidas gratuitamente, pois
todos os esforços vinham de colaborações de pessoas generosas para atender
esses seres à margem da miséria e do caos existencial. Em 2000, mais um
desafio, este de uma dimensão grandiosa. Em Uberaba, Minas Gerais, fundou a
Casa de Apoio “Daniele”. Ela atendia pessoas com câncer vindo de todas as
partes do Brasil. Os pacientes desta patologia procuravam nesta instituição
alento e uma recuperação. A Casa de Apoio sobrevivia através de doações e
recursos próprios. Continuando a caminhada, em 2006, foi convidada a assumir a
direção da Obra Social Casa da Criança “Maria de Nazaré” em São Luiz do
Paraitinga, tendo como grande desafio, reabrir uma instituição com novos
projetos, novas ideias, buscando parcerias para tornar um sonho em realidade. Bastou
apenas um ano e a Obra Social estava funcionando a todo vapor. Mas tudo através
da obstinação, dedicação e acreditar nesta iniciativa. Uma iniciativa que
consistia em atender um maior número de crianças e adolescentes,
oferecendo-lhes alimentação, aulas com professores capacitados e cursos
profissionalizantes. Em 2010, um ano marcado pela tristeza, perdas e pela fúria
da natureza. Uma devastadora enchente deixou a cidade de São Luiz do Paraitinga
submersa, causando danos incalculáveis à população. Nessa época, ela presidia a
Casa da Criança “Maria de Nazaré”. Neste momento crítico, ela agiu
imediatamente, convocando noventa voluntários da sua cidade natal, Taubaté,
para socorrer as vítimas e resgatar os desabrigados. Após a inundação houve um
momento de quietude e reflexão por parte das autoridades competentes. Diante
dessa tragédia, a população luizence ficou atônita sem saber em que pensar.
Olhares perdidos buscavam respostas para tudo, mas algo precisava ser feito
para reconstruir a dignidade de um povo destruído pela enchente. Diante desse
quadro desolador, creio que ela fez o melhor que podia, oferecendo a Casa da
Criança “Maria de Nazaré” para abrigar as vítimas da inundação, dando-lhes
alojamento e alimentação. Esse trabalho todo contou com uma logística que foi
aplicada com muita eficiência pela polícia militar, civil, bombeiros, defesa
civil e exército. Agora as pessoas estão se perguntando, qual o motivo deste
relato. É uma espécie de desabafo, pois todos os esforços dedicados em prol de
uma população carente e sofrida não foram valorizadas pelo Poder Público. Ela
sempre foi uma pessoa pautada nos valores éticos, não caiu de paraquedas na
função de Assistente Social, pois tem 25 anos de serviços prestados à população
carente. Neste momento, ela está voltando às suas raízes e cuidando da sua Obra
Social, a Casa “Maria de Nazaré”, um lugar de onde ela jamais deveria ter
saído. Infelizmente, nossa Política atual está alheia à carência do povo, mas
de uma coisa eu tenho certeza, ela deverá desenvolver seu trabalho como sempre o
fez. Tenho absoluta convicção de que não desanimará depois de uma decepção,
pois sei que onde um deserto árido termina a grama verde nasce. Falo com
orgulho desta minha irmã, Terezinha Xavier dos Santos, que sempre se destacou
pela lisura de seus atos e se norteou pelos valores éticos deixados pelos meus
pais. Pensou mais no próximo do que nela mesma e é isso que faz dela uma pessoa
incorruptível e especial.
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