sábado, 15 de fevereiro de 2014

Hernani Lobato, presidente do Sindimetau, abre o jogo



O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, Hernani Lobato, em entrevista ao Quiririm News, falou do que pretende fazer pela categoria. Eis a entrevista:
Forte na região, o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e região, recentemente passou por modificações em sua presidência e diretoria, com a saída de Isaac do Carmo e a vitória nas eleições para presidência, Hernani Lobato assumiu o cargo desde o dia 21 de novembro de 2013.

O que talvez muita gente não saiba é que Hernani, 35, é de Quiririm, cresceu e ainda mora no Distrito. Em entrevista para o portal Quiririm News, o agora presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, contou como foi sua iniciação no Sindicato, falou de ações em prol dos metalúrgicos e ainda tocou em assuntos polêmicos como sua saída da diretoria de Isaac do Carmo e constituição de uma chapa opositora, as demissões da fábrica LG e também da chegada do novo carro UP!, na montadora Volkswagen, que fica no bairro Santa Tereza.

Veja abaixo a entrevista concedida para o Quiririm News e fique por dentro das novidades e conheça melhor o novo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e região.

Quiririm News: Hernani, como chegou até a presidência do Sindicato?
Hernani Lobato: Quando eu comecei a ter um contato foi em uma greve que teve na Cibi, em Quiririm, eu comecei a ver o movimento, fiquei curioso, queria entender melhor como funcionava o Sindicato.
Ficava com a direção do Sindicato, levava água para as pessoas do Sindicato, aí eu gostei do movimento, vi que estavam trabalhando em defesa da classe trabalhadora e ali eu comecei a frequentar essa sede. 
Conheci o Roberto, que era diretor, e ele me deu uma oportunidade de trabalhar com ele como auxiliar de imprensa, fiquei aqui dois anos e depois fui para a Volks, no final de 98, e lá dentro entrei no lixamento, preparação, e lá comecei a me destacar como um líder perante os companheiros que me ajudavam no setor.
Como eu conhecia um pouco do Sindicato, eu vi que tinha muito que melhorar. Em 2003 recebi um convite do Biro, que é presidente da Federação dos Metalúrgicos, para que eu fizesse parte da chapa de oposição, eu fiz parte e naquele tempo tiramos o Toninho, e depois disso viemos numa sequencia com o próprio Isaac.
Ele era vice-presidente e eu diretor de base, em 2003 a chapa ganhou, em 2007 eu fiquei como conselho fiscal, 2010 outra eleição junto com o Isaac e eu vim para a executiva do Sindicato, até essa última eleição de 2013, por divergências políticas eu e o Isaac acabamos nos desentendendo por que tinha coisas que ele achava bom para os metalúrgicos e eu não, mas fui justo e fui até ele e disse que não iria ficar.

Q.N.: Agora na direção, o que planeja fazer de diferente?
H.L.: Eu tenho outros planos para os metalúrgicos, quero trabalhar para os metalúrgicos, não quero pensar em política pública, acho que o trabalho tem que ser voltado para a categoria e a questão de política pública é questão de consequência do seu trabalho, não posso virar as costas para a classe.

Q.N.:
 Como foi a eleição que o consagrou presidente do Sindicato, você já esperava por esse resultado?

H.L.: Não foi fácil, querendo ou não eu era um cara conhecido dentro da Volkswagen e não aqui fora, sabia que era difícil, mas não impossível. Nós sempre acreditamos. Foi uma vitória que eu nunca vou esquecer, os trabalhadores vieram até aqui na frente do Sindicato e vibraram, foi muito bonito.

Q.N.: Que dia exatamente foi eleito, por quantos votos e quantas chapas concorreram?
H.L.: Foram três chapas, com diferença de mil votos pelo segundo lugar do Isaac em maio. Dia 21 de novembro de 2013 comecei os trabalhos como presidente do Sindicato.

Q.N.: Por quanto tempo é o mandato? Você pretende realizar mudanças? 
H.L.: É de 4 anos. Eu acho que não tudo, mas uma boa parte sim, de imediato é voltar mais o olhar para a classe metalúrgica, essa é a nossa intenção, é lógico, sem esquecer da sociedade, hoje o Sindicato e a sociedade fazem parte, a gente quer fazer trabalho social forte para as duas partes, mas sempre voltado mais para o trabalhador, tudo arrecadado do sócio tem que ser voltado para o sócio, até hoje eu estava conversando a respeito do 1º de maio, se vai acontecer ou não, eu não sou contra o primeiro de maio, só a forma que estava sendo feita que eu acho que pode ser melhorada.
O primeiro de maio podemos construir através de patrocínio, e dinheiro de sócio você pode construir uma nova colônia de férias, um clube de campo, correr atrás de escolas , convênios, escolas técnicas, para sempre estar dando mais benefícios par ao sócio.

Q.N.: Quiririm é um polo industrial muito forte com Volkswagen, LG, entre outras, o fato de você ser do distrito pode resultar em um olhar diferenciado para aquelas empresas?
H.L.: Olha, eu acho que o trabalho que eu estou começando a fazer vai aparecer se for do Quiririm ou de qualquer outra cidade. LG sempre foi problema, inclusive, no dia 21 que eu sentei aqui eu recebi problema da LG e estou resolvendo, a Volks, a gente tem muitas pessoas que trabalham lá, e então fica mais em evidência porque está ali no distrito, mas não que isso vá favorecer porque está mais próximo, a gente tem que ver como um todo, a gente tem 21mil metalúrgicos, o Hernani não pode ficar focado na base que ele saiu, que foi a Volkswagen.

Q.N.: LG é alvo de muita reclamação por funcionários que dizem não ter estabilidade, e dificuldades de aumento, você tem conhecimento disso, o que pretende fazer em relação? 
H.L.: Na verdade eu estou conhecendo agora a gerencia da LG, inclusive estamos passando por problemas lá fora, estes que você está questionando, primeiro eu preciso conhecer a forma que estão acostumados a negociar, se tinha negociação, se tinha diálogo ou não, porque é primordial o diálogo, e a última ferramenta é a greve.
E eu tive uma conversa com a direção da LG e sempre vou procurar o diálogo, eu sempre busco o equilíbrio das duas partes. Se quiserem ser duros a gente vai ser duro, depende da forma do tratamento do outro lado, só não posso deixar o trabalhador ser prejudicado, às vezes está bem o mercado para a LG e a gente vê contratos de três dias, um dia, isso eu não concordo, isso é uma discussão que vou fazer no futuro, não gosto dessa coisa de rotatividade, alguma coisa de errado está acontecendo. O sindicato tem que ser flexível até um limite.

Q.N.: Com Isaac do Carmo no Sindicato, funcionários da Volkswagen ficaram divididos com o anúncio da montagem do novo carro o Up!, com medo de que as vendas desse modelo não seja tão boa e resulte em demissões, qual é o diagnóstico que você faz hoje para funcionários da Volkswagen?
H.L.: Um dos motivos da minha divergência com o Isaac foi essa, quando ele colocou essa posição que estaria vindo um novo produto para Taubaté, lógico que é importante trazer novos produtos para manutenção da fábrica e também do emprego, é isso que a gente prioriza, mas aí quando disse que o Gol sairia daqui e iria para Anchieta, na hora eu disse que estava errado, porque o Gol você sabe que é líder de vendas do mercado, então a gente estaria trocando uma realidade por uma aposta, ele deveria deixar pelo menos uma cláusula, se caso esse Up! não emplaque nas vendas, pelo menos a gente fique ainda com um percentual do Gol, já temos o Voyage, vem o Up! e vai o Gol e se não emplaca?
Foi sucesso na Europa, quem garante que será sucesso aqui, como todo mundo apostou no Polo e não deu certo. Então toda essa geração de emprego que ele vinha falando, eu não estou vendo, pelo contrário, esse carro não vai gerar tanto emprego, a gente já está vendo reflexo dentro da Volks, pode gerar emprego para terceiros, mas na própria Volks não, porque o carro já vem pré-montado, a gente vai passar por essa dificuldade dentro da Volks, vai ter que acompanhar o acordo bem de perto, para que os trabalhadores não sejam prejudicados, e mesmo assim, as vezes eles vão se sentir prejudicados por este acordo.
Esse acordo foi feito por 4 anos, é outro ponto que eu questionei muito, eu achava que deveria ser por dois anos, envolvendo outros fatores, com PLR, praticamente foi congelada, a database, que foi uma luta dos metalúrgicos para que ficasse em setembro, hoje ela foi alterada para janeiro e no próximo ano vai ser para março. Se você fizer o cálculo você perde, já saiu perdendo de setembro pra janeiro.

Q.N.: Você pretende se empenhar para resolver isso?
H.L.: Eu vou, vou me empenhar, mas como eu falei na minha campanha, a gente tem que tomar muito cuidado, porque foi feito um acordo por 4 anos, a gente tem que buscar alternativas com muita responsabilidade e equilíbrio em tudo que você vai negociar, eu não posso chegar simplesmente e rasgar um acordo, aí seria irresponsabilidade da minha parte, não dá para arriscar, vamos chegar e discutir se dá para fazer alguma coisa.
Para que vejam que a gente chegou para mudar, como esse Up!, eu torço para que dê certo, vou fazer de tudo do que depender dessa direção para que dê certo, ninguém torce que dê errado.

Q.N.: Política Municipal, a exemplo de Isaac do Carmo, que se candidatou a Prefeito e chegou ao segundo turno, você, Hernani se sente a vontade em de repente um dia tomar o mesmo caminho?
H.L.: Olha hoje eu tenho um compromisso com a categoria metalúrgica, quem me colocou aqui foram eles, e se um dia eu partir para a política pública vai ser somente a pedido deles, daí eu faço uma avaliação, porque hoje eu não pretendo, até porque estou começando agora e meu compromisso é com eles.

Q.N.: Existe alguma coisa que você queira destacar que não foi perguntado aqui?
H.L.: Nosso trabalho vai ser reconhecido com o tempo, eu espero que daqui uns 6 meses vocês voltem e a gente esteja falando de investimento e de melhorias para as empresas e para os metalúrgicos.
Eu quero deixar a minha marca positiva para os trabalhadores. 

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