Forte na região, o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e região,
recentemente passou por modificações em sua presidência e diretoria, com a
saída de Isaac do Carmo e a vitória nas eleições para presidência, Hernani
Lobato assumiu o cargo desde o dia 21 de novembro de 2013.
O que talvez muita gente não saiba é que Hernani, 35, é de Quiririm, cresceu e
ainda mora no Distrito. Em entrevista para o portal Quiririm News,
o agora presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, contou como foi sua iniciação
no Sindicato, falou de ações em prol dos metalúrgicos e ainda tocou em assuntos
polêmicos como sua saída da diretoria de Isaac do Carmo e constituição de uma
chapa opositora, as demissões da fábrica LG e também da chegada do novo carro
UP!, na montadora Volkswagen, que fica no bairro Santa Tereza.
Veja abaixo a entrevista concedida para o Quiririm News e
fique por dentro das novidades e conheça melhor o novo presidente do Sindicato
dos Metalúrgicos de Taubaté e região.
Quiririm News: Hernani, como chegou até a presidência do Sindicato?
Hernani Lobato: Quando eu comecei a ter um contato foi em uma
greve que teve na Cibi, em Quiririm, eu comecei a ver o movimento, fiquei
curioso, queria entender melhor como funcionava o Sindicato.
Ficava com a direção do Sindicato, levava água para as pessoas do
Sindicato, aí eu gostei do movimento, vi que estavam trabalhando em defesa da
classe trabalhadora e ali eu comecei a frequentar essa sede.
Conheci o Roberto, que era diretor, e ele me deu uma oportunidade de
trabalhar com ele como auxiliar de imprensa, fiquei aqui dois anos e depois fui
para a Volks, no final de 98, e lá dentro entrei no lixamento, preparação, e lá
comecei a me destacar como um líder perante os companheiros que me ajudavam no
setor.
Como eu conhecia um pouco do Sindicato, eu vi que tinha muito que melhorar. Em
2003 recebi um convite do Biro, que é presidente da Federação dos Metalúrgicos,
para que eu fizesse parte da chapa de oposição, eu fiz parte e naquele tempo
tiramos o Toninho, e depois disso viemos numa sequencia com o próprio Isaac.
Ele era vice-presidente e eu diretor de base, em 2003 a chapa ganhou, em 2007
eu fiquei como conselho fiscal, 2010 outra eleição junto com o Isaac e eu vim
para a executiva do Sindicato, até essa última eleição de 2013, por
divergências políticas eu e o Isaac acabamos nos desentendendo por que tinha
coisas que ele achava bom para os metalúrgicos e eu não, mas fui justo e fui
até ele e disse que não iria ficar.
Q.N.: Agora na direção, o que planeja fazer de diferente?
H.L.: Eu tenho outros planos para os metalúrgicos, quero trabalhar para
os metalúrgicos, não quero pensar em política pública, acho que o trabalho tem
que ser voltado para a categoria e a questão de política pública é questão de
consequência do seu trabalho, não posso virar as costas para a classe.
Q.N.: Como foi a eleição que o consagrou presidente do Sindicato,
você já esperava por esse resultado?
H.L.: Não foi fácil, querendo ou não eu era um cara conhecido dentro da
Volkswagen e não aqui fora, sabia que era difícil, mas não impossível. Nós
sempre acreditamos. Foi uma vitória que eu nunca vou esquecer, os trabalhadores
vieram até aqui na frente do Sindicato e vibraram, foi muito bonito.
Q.N.: Que dia exatamente foi eleito, por quantos votos e quantas
chapas concorreram?
H.L.: Foram três chapas, com diferença de mil votos pelo segundo lugar do
Isaac em maio. Dia 21 de novembro de 2013 comecei os trabalhos como presidente
do Sindicato.
Q.N.: Por quanto tempo é o mandato? Você pretende realizar mudanças?
H.L.: É de 4 anos. Eu acho que não tudo, mas uma boa parte sim, de imediato é
voltar mais o olhar para a classe metalúrgica, essa é a nossa intenção, é
lógico, sem esquecer da sociedade, hoje o Sindicato e a sociedade fazem parte,
a gente quer fazer trabalho social forte para as duas partes, mas sempre
voltado mais para o trabalhador, tudo arrecadado do sócio tem que ser voltado
para o sócio, até hoje eu estava conversando a respeito do 1º de maio, se vai
acontecer ou não, eu não sou contra o primeiro de maio, só a forma que estava
sendo feita que eu acho que pode ser melhorada.
O primeiro de maio podemos construir através de patrocínio, e dinheiro de sócio
você pode construir uma nova colônia de férias, um clube de campo, correr atrás
de escolas , convênios, escolas técnicas, para sempre estar dando mais
benefícios par ao sócio.
Q.N.: Quiririm é um polo industrial muito forte com Volkswagen, LG, entre
outras, o fato de você ser do distrito pode resultar em um olhar diferenciado
para aquelas empresas?
H.L.: Olha, eu acho que o trabalho que eu estou começando a fazer vai
aparecer se for do Quiririm ou de qualquer outra cidade. LG sempre foi
problema, inclusive, no dia 21 que eu sentei aqui eu recebi problema da LG e
estou resolvendo, a Volks, a gente tem muitas pessoas que trabalham lá, e então
fica mais em evidência porque está ali no distrito, mas não que isso vá
favorecer porque está mais próximo, a gente tem que ver como um todo, a gente
tem 21mil metalúrgicos, o Hernani não pode ficar focado na base que ele saiu,
que foi a Volkswagen.
Q.N.: LG é alvo de muita reclamação por funcionários que dizem não ter
estabilidade, e dificuldades de aumento, você tem conhecimento disso, o que
pretende fazer em relação?
H.L.: Na verdade eu estou conhecendo agora a gerencia da LG, inclusive
estamos passando por problemas lá fora, estes que você está questionando,
primeiro eu preciso conhecer a forma que estão acostumados a negociar, se tinha
negociação, se tinha diálogo ou não, porque é primordial o diálogo, e a última
ferramenta é a greve.
E eu tive uma conversa com a direção da LG e sempre vou procurar o diálogo, eu
sempre busco o equilíbrio das duas partes. Se quiserem ser duros a gente vai
ser duro, depende da forma do tratamento do outro lado, só não posso deixar o
trabalhador ser prejudicado, às vezes está bem o mercado para a LG e a gente vê
contratos de três dias, um dia, isso eu não concordo, isso é uma discussão que
vou fazer no futuro, não gosto dessa coisa de rotatividade, alguma coisa de
errado está acontecendo. O sindicato tem que ser flexível até um limite.
Q.N.: Com Isaac do Carmo no Sindicato, funcionários da Volkswagen
ficaram divididos com o anúncio da montagem do novo carro o Up!, com medo de
que as vendas desse modelo não seja tão boa e resulte em demissões, qual é o
diagnóstico que você faz hoje para funcionários da Volkswagen?
H.L.: Um dos motivos da minha divergência com o Isaac foi essa, quando
ele colocou essa posição que estaria vindo um novo produto para Taubaté, lógico
que é importante trazer novos produtos para manutenção da fábrica e também do
emprego, é isso que a gente prioriza, mas aí quando disse que o Gol sairia
daqui e iria para Anchieta, na hora eu disse que estava errado, porque o Gol
você sabe que é líder de vendas do mercado, então a gente estaria trocando uma
realidade por uma aposta, ele deveria deixar pelo menos uma cláusula, se caso
esse Up! não emplaque nas vendas, pelo menos a gente fique ainda com um
percentual do Gol, já temos o Voyage, vem o Up! e vai o Gol e se não
emplaca?
Foi sucesso na Europa, quem garante que será sucesso aqui, como todo mundo
apostou no Polo e não deu certo. Então toda essa geração de emprego que ele
vinha falando, eu não estou vendo, pelo contrário, esse carro não vai gerar
tanto emprego, a gente já está vendo reflexo dentro da Volks, pode gerar
emprego para terceiros, mas na própria Volks não, porque o carro já vem
pré-montado, a gente vai passar por essa dificuldade dentro da Volks, vai ter
que acompanhar o acordo bem de perto, para que os trabalhadores não sejam
prejudicados, e mesmo assim, as vezes eles vão se sentir prejudicados por este
acordo.
Esse acordo foi feito por 4 anos, é outro ponto que eu questionei muito, eu
achava que deveria ser por dois anos, envolvendo outros fatores, com PLR,
praticamente foi congelada, a database, que foi uma luta dos metalúrgicos para
que ficasse em setembro, hoje ela foi alterada para janeiro e no próximo ano
vai ser para março. Se você fizer o cálculo você perde, já saiu perdendo de
setembro pra janeiro.
Q.N.: Você pretende se empenhar para resolver isso?
H.L.: Eu vou, vou me empenhar, mas como eu falei na minha campanha, a gente
tem que tomar muito cuidado, porque foi feito um acordo por 4 anos, a gente tem
que buscar alternativas com muita responsabilidade e equilíbrio em tudo que
você vai negociar, eu não posso chegar simplesmente e rasgar um acordo, aí
seria irresponsabilidade da minha parte, não dá para arriscar, vamos chegar e
discutir se dá para fazer alguma coisa.
Para que vejam que a gente chegou para mudar, como esse Up!, eu torço para que
dê certo, vou fazer de tudo do que depender dessa direção para que dê certo,
ninguém torce que dê errado.
Q.N.: Política Municipal, a exemplo de Isaac do Carmo, que se
candidatou a Prefeito e chegou ao segundo turno, você, Hernani se sente a
vontade em de repente um dia tomar o mesmo caminho?
H.L.: Olha hoje eu tenho um compromisso com a categoria metalúrgica, quem me
colocou aqui foram eles, e se um dia eu partir para a política pública vai ser
somente a pedido deles, daí eu faço uma avaliação, porque hoje eu não pretendo,
até porque estou começando agora e meu compromisso é com eles.
Q.N.: Existe alguma coisa que você queira destacar que não foi
perguntado aqui?
H.L.: Nosso trabalho vai ser reconhecido com o tempo, eu espero que
daqui uns 6 meses vocês voltem e a gente esteja falando de investimento e de
melhorias para as empresas e para os metalúrgicos.
Eu quero deixar a minha marca positiva para os trabalhadores.