Pollyana Gama
Vereadora pelo PPS, escritora,
professora
e mestranda em Desenvolvimento Humano
Conheci a
APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) pelo meu pai que sempre fez
questão de levar nossa família para participar das ações promovidas pela instituição
aqui de Taubaté. Um gesto simples que ele encontrou para nos ensinar sobre o
respeito à diversidade da vida e a importância de contribuir com este trabalho
fundamental para o desenvolvimento de seres humanos com deficiência: cada qual
com uma necessidade específica que exige atenção e atendimento especializado.
Logo que
concluí o magistério, em 1994, fui convidada pela diretora da APAE - à época
Renata Ramos Martins - para atuar na instituição. Aceitei de pronto. Foi uma
experiência única e marcante. Recordo do
aluno Aloísio, logo no primeiro dia de aula... eu, cheia de cuidado no falar
com os alunos, fui aconselhada severamente por ele: “Olha professora, não
precisa falar mansinha com a gente. A gente tem problema, mas não é louco não”.
Ali, naquele momento, captei a mensagem e uma lição de vida: todos nós temos
problemas e algum tipo de deficiência na vida. O interessante é que esses
problemas, deficiências, exigem cooperação de todos. Ajuda mútua para
superá-los. Ou seja, as nossas diferenças é que nos completam, na medida em que
nos permitimos observá-las desse modo. De visitante, então, passei a integrar a
equipe de professores e hoje busco fazer como pai, colaboro, levo minha filha
nos eventos e somo forças pela manutenção de suas atividades.
A história
das APAEs é interessante. A primeira delas nasceu em 1954, no Rio de Janeiro, e
hoje está em aproximadamente 2 mil municípios brasileiros, segundo a Federação
Nacional das APAES. Aqui em Taubaté, a unidade foi fundada em 1965 e hoje
atende a mais de 260 alunos. Suas instalações é resultado da solidariedade
comunitária, em parceria com os Poderes Públicos, a partir de um movimento que
se destacou no país por conta do pioneirismo filantrópico. Promover o bem estar
e a inclusão, bem como assegurar aos seus alunos o direito constitucional à
educação e trabalho, são alguns dos princípios básicos da entidade.
Para que esse
projeto se mantenha com dignidade, é preciso de apoio. A “luz vermelha” no
orçamento é quase uma constante para as APAEs. A título de exemplo, a unidade
taubateana enfrenta sérias dificuldades financeiras para a manutenção e o custeio
de suas atividades. A previsão de despesas para 2013 superam a cifra dos 2,5
milhões, enquanto as receitas chegam a aproximadamente 1,4 milhão. Por mais que
haja dedicação e empenho de sua equipe, presidida hoje pela professora Mércia
Agostinho, de colaboradores e da Câmara Municipal que aprovou em abril deste
ano o aporte de R$ 300 mil, repassados pela Prefeitura, somados a outros R$ 38
mil do Ministério Social e Combate à Fome, os valores são insuficientes para
suprir as necessidades da entidade.
Nacionalmente,
se discute mudanças no PNE (Plano Nacional de Educação), em trâmite no
Congresso, que desperta a atenção dos gestores de entidades como as APAEs. A
meta 4 do PNE, que trata da educação inclusiva, é um dos pontos mais polêmicos.
A preocupação é que entre as mudanças previstas esteja o fim do repasse do Ministério da Educação por meio do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação Básica (FUNDEB). O projeto, cujo relator é o senador Vital do Rêgo
(PMDB-PB), está em análise na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.
Pelo relatório aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos do
Senado, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos
globais de desenvolvimento ou superdotação deve ser universalizado na rede
regular de ensino. E não mais "preferencialmente na rede regular",
conforme o texto original. A discussão pretende concluir se as entidades devem
permanecer, mas complementares à escola. A Federação Nacional das APAEs defende
a manutenção do termo “preferencialmente” para não perder a prerrogativa de ser
substituída pela escola regular no atendimento.
Na última
sexta-feira, dia 6, por exemplo, participei em São Paulo de um evento onde o
governador Geraldo Alckmin assinou decreto para cessão de veículos escolares às
APAEs. Até que ponto a iniciativa vai suprir parte das necessidades não é
possível mensurar, mas, certamente o veículo será muito bem recebido. E mais,
há com esse ato do governador o reconhecimento da entidade como parte das
estruturas educacionais e, sinto, seu manifesto favorável pela manutenção do
termo “preferencialmente” no PNE.
Sou uma APAExonada pela causa, mas sei que isso por si só não
resolve o problema. Precisamos ajudá-los
e hoje faço aqui um apelo para que você leitor conheça e busque ajudar de algum
modo a Apae de sua cidade. Em Taubaté você pode ligar na instituição, 3621.9028,
para agendar sua visita, e no caso de optar em fazer doação pode ser
diretamente na Caixa Econômica Federal: agência 3272, conta corrente 114-0. Neste
caso, é necessária a identificação da pessoa que está depositando. Para quem
preferir, pode doar pelo número 0800-722-2723.
Anualmente assistimos pela televisão campanhas milionárias, a
exemplo do Criança Esperança. Precisamos lembrar que, além disso, em nosso
quintal existem entidades como a APAE que também tem a mesma esperança de
contar com o nosso apoio para continuarem a trabalhar. Pense nisso. Ajude.
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