sábado, 21 de março de 2015

CÂMARA MUNICIPAL: SINDICALISTAS DEBATEM CRISE EM TAUBATÉ

Hernani Lobato, presidente do Sindicato dos metalúrgicos de Taubaté
O vereador Rodrigo Luis Silva “Digão” (PSDB) afirmou que, a cada emprego perdido em Taubaté, a cidade deixa de arrecadar impostos para investir em melhorias. “Em momento de crise, deve prevalecer a união para manter o emprego”, afirmou o presidente da Câmara, em audiência realizada dia 19 em defesa do emprego.
Digão adiantou que os projetos de lei que geram empregos terão prioridade na votação. “Estamos empenhados em ajudar no que couber à Câmara. É hora de a gente se unir. A Câmara estará sempre à disposição.”
Por um lado, Digão lamentou que somente 10% das empresas beneficiadas com doação de área pela Câmara, durante a legislatura passada, estejam instaladas na cidade. Por outro, apostou no desenvolvimento do turismo para alavancar o crescimento do município. “Infelizmente o turismo está engatinhando. Estamos perdendo uma fatia grande para gerar empregos no turismo, é um segmento para ser alavancado.”
O prefeito Ortiz Junior (PSDB) participou da audiência e avaliou que a crise industrial reflete gravemente no comércio e na área de serviço e, em consequência, na arrecadação de impostos. Apostou na diversificação de parque industrial e na aprovação de doações de áreas para outros empreendimentos, como uma fábrica de trilhos.
Segundo ele, 30% da mão de obra está empregada na indústria automotiva. “Uma crise nas duas maiores montadoras da cidade, Volkswagen e Ford, atinge todo o setor produtivo do município, que atinge também a Prefeitura”, disse, apontando que em 2014 houve queda de R$ 50 milhões na arrecadação devido à diminuição do fundo de participação dos municípios.
“Ainda não tenho a resposta definitiva para garantir o emprego dos trabalhadores na Ford, porque preciso da ajuda do Governo do Estado, da Câmara, da intervenção do Sindicato dos Metalúrgicos, para que possamos prorrogar o lay off para continuar negociando com a empresa. Podem ter certeza de que exijo muito para que possamos o mais rápido possível ter uma resposta positiva até o final do mês, quando termina o prazo para o lay off”, mencionou.
Luiz Henrique de Abreu “Neneca” (PDT) questionou se existem alternativas para que a Volkswagen não siga o mesmo caminho que a General Motors, de São José dos Campos, e se o Sindicato do Comércio tem alternativas para evitar a demissão em massa no comércio, caso isso ocorra na indústria.
Em resposta, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Hernani Lobato, afirmou que o diálogo com o patrão é a melhor alternativa e que o Sindicato não deve “estrangular” a negociação. Presidente do Sindicato do Comércio Varejista, Dan Guinsburg avaliou que não acredita em demissão em massa e ponderou que é necessário investir na qualificação de mão de obra.
Paulo Miranda (PP) apostou no investimento em turismo e nos bens que o município já possui – Parque do Itaim, Sítio do Picapau Amarelo, por exemplo – para criar novas fontes de emprego. Sugeriu ainda o uso do antigo clube Onsen Thermas pelo município.
Jeferson Campos (PV) mencionou que, se houver demissões nas fábricas, a Câmara deve rever a política de isenção de impostos. “Votamos a isenção fiscal para a Ford, o município está dando a contrapartida, mas as empresas têm que fazer a parte delas. Não podemos financiar a demissão de trabalhadores.” Exemplo semelhante ocorre com a empresa Brasil Carbonos, segundo o vereador.
Douglas Carbonne (PCdoB) assinalou que as construtoras deixarão de investir em Taubaté, em 2015, R$ 600 milhões, e que a crítica do setor é a crise econômica do país e a burocracia da gestão pública. Sugeriu o projeto “dia do comércio à noite”, uma vez ao mês, como atrativo para o cidadão, e que a Prefeitura modernize seus sistemas para agilizar a instalação das empresas.
Instituições
O líder sindical Hernani Lobato contabilizou que a cada trabalhador desempregado da Volks há outras sete demissões no município. “É um efeito dominó, é muita coisa”, considerou, reconhecendo que o lay off é um sinal negativo, mas é uma medida que é obrigado a tomar, para que o trabalhador não perca o emprego. “Esperamos conseguir reverter essa situação, tenho esperança de ter audiência com o governador do Estado. É preciso a união de todos para melhorar este país.”
Em defesa do comerciante, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista, Dan Guinsburg, pediu exploração do potencial turístico da cidade e embelezamento do centro. Acrescentou que o comerciante se sente desconfortável com os camelôs e sugeriu ao prefeito o aluguel de uma área provisória enquanto não é inaugurado o shopping popular.
Representando o Sindicato de Hotéis, Carmem Silvia Batista disse que tem visitado empresas e sai “extremamente triste e desanimada” devido à preocupação do empreendedor em ter que reduzir o número de funcionários. A crise no país pode ter caminho diferenciado, segundo ela, começando por Taubaté, devido à diversificação, como a fabricação de VLTs (veículos leves sobre trilhos). A realização de feira literária também traz turistas para a cidade, movimento os segmentos comerciais, como hotéis e restaurantes.
A ação tomada pelo Sindicato dos Empregados no Comércio, segundo o representante da instituição, José Mauro de Oliveira, é voltada para o emprego, durante a negociação na convenção coletiva anual. Segundo ele, em 2014 houve 6% a mais de demissões do que em 2013.
Gerente da Acit (Associação Comercial e Industrial de Taubaté), Carmola Bastos afirmou que a entidade passa por um momento novo, procurando se aproximar das entidades comerciais. Ele informou que a Acit está inovando ao buscar pesquisas que indiquem a realidade da crise, consumo e produção.
Em vídeo produzido pelo Memorial da Câmara, o economista do Nupes (Núcleo de Pesquisas Econômico-Sociais), Laureano da Rosa, disse que a situação do país está realmente complicada. “A indústria automotiva não está vendendo. Se a indústria não está vendendo, o comércio também não vende e tem que demitir funcionários, afetando também o setor de serviços.”
Os vereadores João Vidal (PSB) e Maria Gorete Toledo (DEM) foram representados por assessores.


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