Hernani Lobato, presidente do SindMetau
DALTON MOREIRA
Nunca tantas montadoras recorreram aos lay-offs (suspensão temporária de
contratos de trabalho), a férias coletivas, semanas curtas de trabalho e
programas de demissão voluntária num único ano.
Em 2014, esses expedientes foram adotados em quase todos os meses, numa
espécie de rodízio entre a maioria das empresas para driblar a ociosidade das
fábricas, que supera os 20%.
O cenário culmina com um fim de ano de férias coletivas mais longas do que em
anos anteriores em várias empresas. Já em relação ao baixo desemprego, sua
principal origem não está na ação do governo, mas na estagnação da força de
trabalho, que é constituída das pessoas ocupadas e das pessoas que procuram
emprego. A taxa de desemprego é a relação entre os que não encontram trabalho e
a força de trabalho.
Num cenário amplo se a força de trabalho for de 100 milhões de pessoas e 5
milhões estiverem desempregadas, a taxa de desemprego será de 5% (número
próximo da realidade). Suponha que esse contingente diminua para 99 milhões e
que as admissões e demissões resultem em 900.000 vagas a menos. Mesmo assim, a
taxa de desemprego cairá para 4,9% porque foi menor o ritmo de queda da força
de trabalho.
A recente estagnação ou redução da força de trabalho decorre de razões
demográficas (menor ritmo de crescimento da população em ritmo de trabalhar),
do fato de os jovens de 18 a 24 anos ficarem mais tempo na escola (o que é
bom)e de desistências de procurar emprego. Na verdade, o mercado de trabalho
tem-se deteriorado. A geração líquida vem diminuindo. Segundo dados do
Ministério do Trabalho, de abril a agosto a indústria de transformação demitiu
mais do que admitiu. Sendo assim, as estatísticas do emprego escondem uma
trajetória de piora do mercado de trabalho, que é consequência da combinação de
estagnação econômica com inflação alta. Tal estagnação veio do fracasso da
política econômica, das incertezas derivadas da excessiva intervenção na
economia e da resultante queda da taxa de investimento.
Mas, uma atenuante surgiu com o anúncio da nova equipe econômica do governo
petista que poderá revitalizar a veia injetora dos empresários – investidores
em nosso País. Pois os nomes anunciados geraram no meio empresarial um novo
fator energético : credibilidade e uma possível estabilidade e isso deverá
refletir no mercado de trabalho nos próximos meses revertendo esse triste
quadro em nossa economia com a possível suspensão de lay-offs, pdvs, férias
coletivas e outras medidas de retenção de incertezas macroeconômicas.
O presidente do Sindicato dos metalúrgicos de Taubaté (o SindMetau), Hernani
Lobato desde 20 de novembro do ano passado tem enfrentado com coragem,
transparência e austeridade todo esse quadro depressivamente sócio- econômico
com o pé no chão e certezas de que tem feito o melhor para a categoria
metalúrgica e também com um “punho firme” para evitar o desemprego. Em nenhum
momento esmoreceu ou retroagiu um milímetro qualquer. Juntamente com seus
diretores tem enfrentado diversas situações adversas das empresas da nossa
cidade (Volks, Ford, LG etc) que devido ao quadro econômico criam situações
inusitadas para a classe trabalhadora muito bem defendida pelo presidente
Lobato e seus diretores.
Apesar dos problemas retroativos da nossa economia graças ao SindMetau os
comerciantes de Taubaté estão muito bem servidos, obrigado. Por quê? Simples:
Este mês (dezembro) devem ser injetados na economia de Taubaté e região cerca
de R$ 321,6 milhões com o pagamento do 13º salário aos trabalhadores por parte
das empresas públicas e privadas. Este montante é superior em 6,13% em relação
ao montante injetado na economia em 2013. As considerações foram realizadas
pela Subseção de Taubaté do Departamento Intersindical de Estatísticas e
Estudos Socioeconômicos (Dieese).
A indústria como um todo representou 36,1% do total do benefício para a região,
com um valor próximo dos R$115,4 milhões. O setor metalúrgico ocupa posição de
destaque, também segundo o Dieese. A proporção da massa do 13º é duas vezes
maior que a quantidade de trabalhadores da base, ou seja, remuneração média do
trabalhador metalúrgico foi duas vezes a média das demais profissões da região.
Os empregados nas indústrias metalúrgicas vão receber R$ 86,4 milhões, o que
corresponde a 27% do total injetado com o 13º dos trabalhadores da região.
Os metalúrgicos paulistas representados pela Federação de Sindicatos de
Metalúrgicos da CUT/SP irá injetar aproximadamente R$ 991,2 milhões na economia
de São Paulo. Já os metalúrgicos de todo o país injetarão R$7,3 bilhões na
economia com o pagamento do 13º salário.
O que está acontecendo em Taubaté (leia-se SindMetau) é um exemplo a ser
seguido por outras entidades sindicais do Estado e de nosso País.
Vejamos:
Fabricantes como General Motors, Mercedes-Benz e Volvo darão folgas de quatro a
cinco semanas, quando o tradicional são duas a três semanas.
A Mercedes-Benz, por exemplo, iniciou um período de cinco semanas de férias
coletivas nas fábricas de São Bernardo do Campo (SP) e de Juiz de Fora (MG), o
mais longo nos últimos dez anos na empresa, que também tem 1,2 mil
trabalhadores em lay-off.
A GM é outra que dará ferias de um mês para o pessoal de São Caetano do Sul
(SP) e de São José dos Campos (SP), onde também há lay-off em andamento.
Na Volvo, de Curitiba (PR) a parada será de 30 dias, dez a mais que no ano
passado.
Grande maioria dos trabalhadores de montadoras, entre horistas e mensalistas,
ficará em casa neste fim de ano.
Nas autopeças, 80% das empresas também vão parar por períodos que acompanham as
montadoras, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para
Veículos Automotores (Sindipeças).
Só na base do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, 255 empresas informaram
que darão férias coletivas, num total até agora de 8.860 pessoas, boa parte
delas de autopeças.
"De 2000 para cá, este foi o ano que teve mais paradas de produção",
constata o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques.
Uma exceção citada por ele nesse período é 2001, quando o racionamento de
energia levou várias fábricas a interromperem a produção seguidas vezes no
segundo semestre.
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores
(Anfavea), Luiz Moan, concorda que tem sido um ano forte em férias coletivas e
lay-off, "efeito principalmente do primeiro semestre, quando as vendas
caíram mais fortemente em razão do pessimismo geral com a economia".
Dispensa temporária
O lay-off consiste em dispensa do trabalhador por até cinco meses. Nesse
período, ele recebe parte do salário da empresa e parte do Fundo de Amparo ao
Trabalhador (FAT) e faz cursos de requalificação. Também deixa de recolher FGTS
e INSS.
Usado esporadicamente nos últimos anos, em 2014 o lay-off foi adotado por sete
montadoras, algumas delas em mais de uma fábrica. A maioria dos programas ainda
está em andamento.
"Nos últimos 20 anos nunca tinha visto uma situação dessas em nossa
base", diz o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do
Sul, Aparecido Inácio da Silva.
"Pela primeira vez temos lay-off nessa fábrica da GM, tivemos férias
coletivas em junho e PDV (programa de demissão voluntária)".
Silva informa que no início deste ano as metas estabelecidas com a direção da
empresa para a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) era de produção de
285 mil veículos. "Agora estamos torcendo para que chegue ao menos a 230
mil".
Ociosidade
Até outubro, a produção de todas as montadoras apresenta queda de 16% em
relação ao ano passado, com 2,677 milhões de unidades. A previsão da Anfavea
para o ano todo era 3,340 milhões de unidades (10% a menos que em 2013), volume
que dificilmente será atingido.
Mesmo que fosse, representaria uma ociosidade de 22%, pois as empresas, segundo
a Anfavea, têm capacidade atual para produzir 4,3 milhões de veículos
anualmente.
Apesar de todas as ações adotadas para reduzir a produção, os estoques nos
pátios de montadoras e revendas continuam elevados, na casa das 400 mil
unidades.
As medidas também não evitaram demissões. O setor cortou 10 mil postos de
trabalho neste ano e emprega 147 mil pessoas, o menor contingente desde maio de
2012.
Na sexta-feira, 28 de novembro, a Volkswagen confirmou que abrirá um PDV em
janeiro na fábrica de São Bernardo.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a empresa alega que há 2,1 mil
trabalhadores excedentes na unidade, que emprega perto de 13 mil pessoas, entre
profissionais da produção e administrativos. As informações são do jornal O
Estado de S. Paulo.
Após o que expus acima o recente anúncio de férias coletivas na unidade da FORD
de Taubaté não é motivo de alardismo barato. Os metalúrgicos da nossa cidade
devem ficar tranquilos pois a situação de outros é muito delicada.
Todos devem – isto sim – tomar cuidado com os corneteiros desinformados e
alcoviteiros de plantão que utilizam a mídia para corroborar o trabalho que
Lobato e a diretoria do SindMetau tem feito para evitar que o desastre
econômico atinja com virulência os trabalhadores do nosso município. |
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